– Bem, me dá um momento?
– Hã?! Agora?!
– Tenho de ir no banheiro, bem.
– E eu?
– Também quer ir?
– Não!... Deixas-me assim?
– Mas volto já, bem, e você sabe que vai continuar…
– Mas estou com uma tesão do caralho, pá…
– Mas vai continuar, bem, e eu tenho mesmo de ir no banheiro.
– Foda-se! Vai lá… passa aí o comando.
– O dvd?
– Qual dvd?
– O do comando, bem?
– Qual dvd do comando?!
– Com o schvarzeneguer…
– Não, porra, o comando da televisão…
– Ah!
– E despacha-te, pá, daqui a bocado o comprimido perde o efeito.
– (Deus queira!)
– O quê?
– Nada, bem, nada. Pega o comando, pega.
– ‘Tá, Alice?
– Sim, és tu Adélia?
– Sou. Olha lá, ainda tens daqueles comprimidos…
– O quê?! Fala mais alto!
– Não posso.
– Estás a sussurrar porquê?!
– Estou com o Carvalho…
– Ele está aí?
– Não, disse-lhe que tinha de vir à casa de banho…
– Porquê?! Ele não te deixa falar comigo?
– Deixa, só que estávamos a foder, Alice. Agora não fazemos outra coisa, mulher. Estou toda assada…
– Ah! Ah! Andas a trabalhar no duro!
– Duríssimo, porra! Sempre duro, Alice, sempre duro! Já não aguento…
– É para veres o que as brasileiras passam.
– Sei lá se elas passam por isto, Alice. Achas que é por pensar que eu sou brasileira que o gajo fode como se o mundo acabasse amanhã?
– Não, isso é do viagra, mas provavelmente o gajo só os toma de empreitada porque julga que tu és brasileira…
– Ah! É capaz…
– Isso quer dizer que não foste à casa de banho!
– Fui… Estou.
– Não, foste ao banheiro.
– Ah! Pois foi… Mas ouve lá, tens os comprimidos ou não?
– Aqueles que imitam o viagra mas não fazem nada?
– Sim, esses. Tens? Ainda tens?
– Tenho, Adélia, mas se ele os toma, isso dá-lhe cabo da auto-estima…
– Que se foda a auto-estima do gajo, Alice, ‘tou toda assada, caralho! Ele que trate da auto-estima que eu trato da passarinha…
– Da quê?!
– Da cona, caralho!
– Darlene! Ó Darlene!
– Vou já, bem!
– Então!?
– Estou indo, bem, estou indo.
– Estou a arder, Darlene, estou a arder! Despacha-te! Anda apagar-me este fogo que arde sem se ver, Darlene…
– O homem está mesmo variado, Adélia, já diz poesia e tudo!
– Não me digas nada, Alice, o homem está doido. Completamente doido!
– Anda, Darlene! Anda acabar com o meu contentamento descontente! Anda aplacar esta dor que desatina sem doer… Darlene!!!!!
– Estou já aí, bem… Meu lindo zarolho!
– Zarolho?! Zarolho?! Qual zarolho?!
– Tenho de desligar… não te esqueças dos comprimidos, Alice! Não te esqueças dos comprimidos!
– O poeta Camões não era zarolho, bem?
– O Camões era, mas isto é do Fernando Pessoa ou lá o que é!
– Ah! Pensava que era de Camões, bem.
– Mas não é e isso agora não interessa nada! Anda, despacha-te!
– Que garanhão!
– Aposto que no Brasil não há disto!
– Nem em Portugal, bem. Não acredito que em Portugal haja mais alguém com sua braba tesão!
– Bota braba nisso, muié!
– Que sotaque delicioso…
– Estou a aprender contigo... Hei!!! Que cheiro é este?!
– Que cheiro, bem?
– Este… este… este cheiro da tua… da tua boceta.
– De minha quê? Boceta?!
– Não é assim que se diz em brasileiro?
– Ah! Boceta?! Sim, sim, boceta. É.
– E que cheiro é esse?
– Halibut.
– O que é isso?
– É para as assaduras. ‘Cê está acabando com minha boceta, Carvalho!
– Ah, Darlene! Você é um anjo, Darlene! Só tu para me dizeres uma coisa dessas!
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Este é o último post que o Garfanho teve a amabilidade de publicar aqui, no blog porcalhoto, mesmo depois de ter declarado o fim do seu próprio blog Garfiar, só me apetece.
Quem acha que ele deve continuar a escrever aqui (se e quando lhe apetecer, claro, que fretes não são nada eróticos) ponha o grelo ou o pirilau no ar.
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