08 setembro 2006

Qrònica do Nelo


Tenho uma vezinha nova melhéres.
Ai que já dei barraca, no mejmo dia em que shegou aqui ó nóço prédio.
Ela éi Alimã, e shama-se Helga, gosta qui le shamem meinfrau Helga, e eu melhéres, com esta boquinha afinada pró broshe e açim, sheia de criatividade, shamei-le logo de mafrai Melga, u que me valeu um riparo, melhéres, que cuaze hera uma escompestura!
Ai ca minha Efigénia mal çôube da vezinha nova do andar debaicho , çalvo seija, melhéres, quinté me benzu çó de pinçar ficar per sima dela, teve logu de convida-la pra um xázinho com bolashas e açim.
Melhéres quela cuaze nam çabe falari Pertugûes, mazintão fala que çe farta, e mestura as palavras alimãs com ôtras. E foi na altura em que já pinçava tar squecida da troca do nome quela çe saiu com uma tirada quande a Efigénia tinha ido buscar unsh bescoitos lá dentru.:
- Escute Mein Herr Gounçálo Manüel. O sinhôrr tens o açúcar em sua formigueiro? – E olhou pra mim açim com a cara munto séria, mazonde éu vi logo, pur um laivo de brilho nozolhos quela stava a ençinuar queu hera bisha.
Ai melhéres, que aí foi a minha vesh de le dezer que stava inganada e que çe devia preguntari çe tinha fromigas no assucareiro, mas ela asdepois, cuaze çem despegar diçe-me que mal tinha shegado ó apartamento e tinha idu arrumar umas coizas no fredirífico, tinha dadu com o cozinho cheio de formigas. Ai u queu ri melhéres, çó de pinçar na mafrai Melga toda nua e com o cuzinho e as covas sheias deças diabólicas e minúscolas porssões de veneno com patinhas. Munto ri éu melhéres e cuande shegou a Efigénia com us bescoitos, tava eu splicandu à mafrai Melga a defirensa entre cuzinho e cosinha.
Ai melhéres, u quela çe riu, caleim-çe daí cuma bisha que çe preze tem de fazer rir as piçoas hihihihi …
Mas u melhor foi u que acontesseu ónte já paçava da meia nôte e nam tinha picado inda nada e estava aburrecida e deziludida com a noite de Lisboa, pinçando em ir dromir.
- Nelo melhér, ôje nam apanhash nada, vai dêtari o pacote melhér.- Dezia éu pra mim, mejma, quande açim çem sperar tive uma buleia dum carro grande e preto com uma strela au meio do capô. Ia açim paçando numa das ruas per trás das Picoas direito há minha rua, e logo ali quande çe deicha de ver o amarelo do Fórum, paçôu ó pei de mim e parôu.
- Desculpe sinhórr.- Diçe ele e asdepois continuuo. – Estou áqui há pouco tempo, e não incontro o rua do meu casa. O sinhórr não sabe onde é a…..-
Ai interrompi-u melhéres de mãos postas e a riri. – Esculpe, mas o sinhor éi o espozo da mafrai Melga?-
- Meinfrau Helga, ja . Sie ist meine frau, já. Ela é meu múlier sim. Você conhece?-
- Ai se conhesso melhér, tive a beber um chá com ela lá em caza, ca minha Efigénia cunvidôu-a logo pró xázinho, e foi um fartoti de rir per caza das fromigas.
- Ah ah ah . Intam você é o sinhórr Nelo. Ah ah ah…Talvez fosse mélhor ir a uma sitio tomar um bebida, primeiro de ir para casa, vizinho Nelo.-

E foi açim melhéres que çem sperar, a nôite que prassia stragada e çem grassa, çe transformôu numa bela nôitada de farra.
Fomus há roda de Baris. Um copo aqui, ôtro ali, uma vezita au méu rotêiro dus sítios da bishisse, que éi onde me cinto há vontadi, e foi um fartoti de rir com as ôtras bishas sheias enveja de eu andar cum um homem açim grande e bom.
Ai quele éi uma sponja a beber melhéres, e tá çempre devertido, e a faser riri as piçoas cum a língua de trapo dele a contar piquenas piadas e açim….hihihihi Ai cala-te Nelo melhér. hihihihiAsdepois, fomos dar uma volta ao Monçanto pra falar e eças coizas e iço, e no fim da nôite, lá acabei conçolada melhéres cum uma bela duma boa broshada, dentru dum Mersedes, cuaze há porta de caza….
Enfim, melhéres, éi açim a vida e as alegrias duma bisha, prá çemana à maish…
Bom fim de çemana fofos….e fofas…
Bêijos do Nelo….

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