15 setembro 2006

Qrònica do Nelo

Menaje há truá..

Pois melhéres! O que stão lendo é mejmo verdadi; menaje há truá!
Foi u que ouvi a Belinha tar a falari onte de manhã quande fui tomar a minha bicona matinal. Mal intrei vi logo a nova vezinha alimã, a mafrai Melga au balcãu a comer um pasmelhéres com um galãu.
Ai que fiquei logo toda sheia de inveja e despois de ter dado us bons dias e açim, pedi há Belinha de mamocas pruvocantes e espostas a faser limbrar as covas das gaijas:
- Belinha melhér fofa, nam éi por nada, mas oje antes da bicona queria um pasmelhéres e um galãu açim quente cumo aviou há noça vezinha a mafrai Melga.-
A Belinha, gaija boa, que çabe tar a um balcãu, rispondeu logo melhéres.
- Oh vizinho Nelo, há quanto tempo que você não pede um palmier. Tão bons que os nossos são. Tem sorte porque se há artigo de pastelaria que esgota logo é o nosso palmier, mas ainda lhe arranjo dois se quiser para levar para a sua Efigénia….-
Foi aí que a mafrai Melga interrompeu, ainda com um resto de pasmelhéres na boca impurrado por um golo do cafei com lête.
- Escuthi sinhórr Nelo. ( glup glup shmak shmak glup….. ingole) Minha nome se chama. Helga! Ich binn Helga, com um Agá. Entende? HHH ! Eu não chamas isso de Melga.-
-Tá beim abelha, ri-me eu baichinho çó pra mim,.hihihihi. Ai melhéres quéi uma melga éi, mas nam gosta que le shamem, mas per iço mejmo e pra nam faser má vezinhansa, diçe-le baichinho:
- Ah pois claro, mafrai…poish claro. Hihihihi….Melga com um Agá….poish…..Çabe o quei, melhér? Çôu éu que nam conçigo falar beim strangeiro. Cada um éi pró que naçe, não asha? Mafrai...pois iço… coizo…..Querçezer….. ahã… hum, Elga com o Agá…..- E pinçando no belo do broshe que le tinha feito au marido Alimão na nôte anterior, fui-me çentar na menza logu ao pé do balcãu, pra ficar açim a oviri a cunverça delas perque tinha ficadu cum a pulga atrás da vermelha, tescnofiada melhéres, que andavóm a falari em segredus duma guelezeima deças queu beim intendo.
E nam foi precizo esperar munto. Pelo rabu do olho, ( ai a língua Pertugueza que ei mejmo trassoeira melhéres, hihihi ) repari como a mafrai Melga olhou pra mim e pinçando que nam stava óvindo e que nam avia porblema lá çe saiu com o reshto que andava a cunverçar rindo baichinho.
- Escuthi fraulein Isabel. É verdhade o que estou-li contando. Menage à trois é divertido….-
Foi nishto que introu o Lalito. Melhéres que veio mejmo a calhar pra intromper a cunverça. Mal o vi diçe-le: -Oh Lalito, inda bem cu veijo melhér.
Scute lá uma coiza; A Efigénia anda toda aburrecida conçigo!
Voçamessei quande foi eshti ano pró Algravi e iço, e me convençeu há menza da isplanada , fazer a Efigénia a mudar de siguro, dezendo que tinha um siguro pró carro quera munto melhor, contra todus os riscus e mais baratu e açim, e ela mudou o siguro pra çi, Lalito. Mas agora, melhér, à dois dias, a pulicia mandou parar e pediu us ducomentos ao Alfredo, o xofér, e levou uma multa perque o siguro nam ezishte, dish que é falço….-
Aí o Lalito interrompeu e diçe:- Ai Nelo, tens razão amor. Olha, tem sido uma trapalhada. Tens razão. Nem queiras saber os aborrecimentos que tenho tido com isto. Mas escuta, eu vinha até à tua procura por causa disso mesmo. Vi-te hoje no banco quando foste levantar a tua reforma lá da Caixa, e disse cá para mim “Tenho de ir falar com o Nelo por causa do seguro”. Sabes que eu não tenho culpa, é tudo culpa deles. Dessa companhia com que eu trabalhava e que me arranjou esse problema complicado. Enganaram-me.
Uns trapalhões e vigaristas!
Já os tenho em tribunal. Mas escuta, Nelo amor, tenho outra companhia que é séria e eu mudei para a minha carteira angariador de seguros para eles. Para provar o que digo toma lá. – E dezendo ishto tirou um livru de xheques e paçou-me um xheque de tresentos e cuarenta €urus , que foi o ca Efigénia le tinha dadu pró siguro novo do carro. E asdpois diçe: - Tás a ver Nelo como sou um homem sério? Toma o cheque. Mas agora, espera, porque o Alfredo não pode conduzir o carro sem seguro! – E dezendo ishto abriu uma pashta e fés logo um siguro novo.
- Pronto Nelo, aqui tens já um seguro novinho em folha, contra todos os riscos e muito mais barato. Fica-te agora só em duzentos e cinquenta €uros. Pagas já, tens ai dinheiro da reforma, e depois depositas o cheque na tua conta bancária e fazes ajuste de contas com a Efigénia da diferença. –
Éu, melhéres, abri a poxeti, paguei-le e fiquei descançada por ter o açunto resolvidu e poder entregar o siguro ao Alfredo e nam ter que óvir a Efigénia.
O Lalito, melhéres, foi-çe logu imbora, dezendo que tinha de ir ver ôtros clientes, que stava cum préça pra risolver os açuntos.
Ishto aconteceu tudo onte. Já çe paçou um dia.
Agora stou éu ôje çentado há menza do caféi da Belinha, a pinçar na cunverça de onte da mafrai Melga, no menaje há truá e em como uma melhér pode ser fodida pur dois homes, ou pur duas melhéres. Ou um home aviar duas, ou ainda ôtros arranjos çó de homes ou çó de gaijas.
Mas ai que angústia melhéres! Nesti mumento, fofas, tenhu pouca vontadi de rir. Tôu pinçando nas menajes à trua em que inrabam uma bisha três vezes seguidas e a deicham toda fodida, çem que ela tenha uma pinga de goso.
Primêiros:
Acabi de vir do Banco. O xheque do Lalito nam teim cubertura...
Sigundos:
O Alfredo ligôu-me pró telémovili a dezer que quer falar cumigo cum urgênsia...
Tersêiros:
Pela porta do caféi tôu vendo a Efigénia que vem chigando sheia de préça há minha procura...
Ai melhéres! Que sofuco que çinto...E que calor melhéres.....Uffff

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