"Virá sempre à memória este meu canto...
canto do peito, meu rio de verdade,
porque a barca do mar lembra a beldade
e navega à bolina como encanto.
Cantasse eu toda vida em desencanto,
mulheres mil... mil poesias e saudade,
só a barca eu queria, realidade,
a erguer a nossa vela, de amor tanto!
E a barca chama o rio e o marinheiro,
velejando em seus olhos, feiticeiro,
enfunando essa vela, o teu olhar.
Unamos nosso rio paralelo,
a barca chega ao fim, ao cabedelo,
depressa com amor, juntos, no mar
Alcaide"
"Alcaide, cá te deixo a chapelada
por assim cantares da barca tal fervor
pois que é raro o sentir-se tanto amor
a cantar nesta pátria mal amada
pátria nossa pobre dela mal cantada
por quem tanto lhe apraz por desprimor
fazer dela uma barca em vil torpor
em preguiças já sem viço abandalhada
mas tu cantas o sentir de corpo inteiro
tão urgente num mar de sensualidade
que nos traz tanto à vida o dom primeiro
tu encantas neste canto de verdade
do destino feito em nós de marinheiro
que nos prende afinal à liberdade.
OrCa"
"Pensemos que de certo nos chamaram
p'ra cumprir a tarefa da viagem...
Calmo o tempo... só a falta de uma aragem
não faz seguir a barca e... atracaram!
Velhas palavras lindas te lembraram!
Quantos castelos ruíram nessa imagem
olhos turvam ao verem que na margem
a barca afunda o sonho que embarcaram!
Nunca a vida decorre sem o vento
Ele traz a liberdade ao pensamento,
se a acalmia repousa o coração
Importa assim viver todo o momento,
com sonhos... viver a hora com paixão...
Felicidade e amor mais ilusão!
Alcaide"
"E eu não queria ficar sozinho na margem
Olhando lá ao longe a barca bela...
Queria tão só ter a miragem
De estar aqui nesta mundo, só eu e ela...
E queria que o Alcaide e o Orca,
Vates, Poetas de eleição,
Não mais batessem à porta
Da Felicidade, do Amor, da Ilusão!
Ser-lhes-ia pois reconhecida
A sua entrega à Vida,
Pelo que receberiam recompensa...
De uma contribuição imensa
Que só se dá a quem pensa
E ama sem contrapartida!
Zé"
Como chamei a atenção ao Zé pela falta de atenção à métrica, ele amuou e mandou a métrica para o caralho (diplomaticamente, só para não me mandar a mim). O OrCa, como sempre, pôs água na fressura... digo, ode na fervura, tal como o Alcaide:
"metro a metro e rima a rima prosseguimos
tropeçando tanta vez em verso incerto
mas trazendo a fresca água àquele deserto
que só chora e ri se choramos e rimos
passo a passo e hora a hora lá seguimos
cara ao vento e o peito a descoberto
nosso riso solto ao ar é mais que certo
ser esteiro de outros mares que descobrimos
ironia mais brejeira ou escarninha
ou sarcasmo contundente ao céu lançado
não enjeito - sinto a vida como minha
não me inibe pois da vida qualquer lado
e percebo em cada puta uma rainha
tudo vai de como se entenda o pecado
OrCa"
"Poética com métrica e com rima,
sem métrica e sem rima vai valer,
balanço de palavras devem ter
as quadras e tercetos desde cima.
Se a métrica ou a rima desanima,
poética só encanta se puder
não são os três em um , se lá couber,
nem é amar a dois...se não anima!
Dizendo o que se quer, um sonho, ou nada,
correndo em desatino ecrevendo,
que é vício fazê-lo de assentada .
Poeta? só escrever,e não me emendo!
Nem basta uma mortal bem encantada
com o balanço... e centímetros fodendo!
Alcaide"
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