03 abril 2012

A olhar para um palácio

O ambiente já estava um nadinha tenso por causa do tema da conversa na altura em que o mais atrasado chegou. Outro dos presentes ruminava a intranquilidade própria de quem sente a testa mais pesada, ainda que em sentido figurado, e partilhava com os restantes convivas a sua dúvida metódica acerca do comportamento suspeito da sua esposa alegadamente infiel. E o rapaz parecia mesmo desorientado, nervos à flor da pele, cada vez mais próximo da verdade que todos em seu redor já haviam bebido das suas conjecturas mais uns emails comprometedores que cuidara de imprimir.
A malta acabou por ler e poucas dúvidas restavam e toda a gente se limitava a fazer que sim ou que não com a cabeça, tentando ao máximo não arriscar qualquer frase que pudesse ser mal interpretada.
Mas o recém chegado não tinha a plena consciência do que estava em causa e aligeirou.
Foi o caos aquilo que libertou quando o macho ferido no seu orgulho lhe perguntou o que achava e o outro, na boa, sorrindo lhe respondeu:
- Mano, eu dessas cenas não percebo um boi.