19 abril 2012

«Umas abertas» - Patife

No outro dia saí todo contente à rua assim que ouvi no rádio a previsão de períodos de chuva com algumas abertas. Onde há umas abertas o Patife marca logo presença e sou muito picuinhas nestas coisas. Lá saí de casa de guarda-chuva na mão, à espera que aparecessem as abertas anunciadas. Apesar de não ter parado de chover apanhei uma aberta logo ao virar da esquina e trouxe-a para casa. Ou pelo menos eu esforcei-me por imaginá-la toda aberta. Já a conhecia ali das esplanadas do Chiado e normalmente trocávamos uns acenos ou uns bons dias. Estava toda encharcada e eu disse que tratava dela. O que foi bem verdade. Assim que estou a começar o tratamento deparo-me com a coninha mais bem-feita da história das coninhas. Um paraíso chonal. Um oásis do pachachal. Uma autêntica ode ao grelo. De formas convexas sem ponta de escancaramento exagerado, claramente de uso selecionado. Como diria o célebre Pipi, “até cheirava a novo”. Como os travões da língua estão gastos, assim que avanço para lambuzar aquela pachachona, e como sou um moço educado e de elogio pronto, saiu-me um naturalíssimo: Mas que bela cona, sim senhora. Até as bordas da pachacha se franziram: Ai Patife, cona não. Cona é que não! Lembrei-me do Miguel Esteves Cardoso, uma referência nos relatos da fodenguice, e apeteceu-me igualmente perguntar-lhe “Há alguma lista que eu possa consultar?”. É que eu perco o tesão com o clínico vagina, desato a rir se me dizem para lhes ir ao pipi, temo que o meu cérebro comece a bolsar se ouço a palavra pombinha, fico com a picha marreca se me imagino a pinar uma parreca, sinto-me um actor porno de classe Z se digo que lhe vou lamber a boceta, receio passar por campónio se disser que lhes vou ao pito e tenho a certeza que qualquer gaja iria buscar um insecticida ou desataria a fugir se eu manifestasse o meu encanto por uma linda rata. Além de que o Pacheco não é vegetariano para andar a papar grelos. Por isso deixei-me de merdas, disse de forma decidida Cona é que sim!, que até é um dos meus lemas de vida, e chafurdei aquilo tudo. Não que me importe muito, pois ninguém me mete freios na língua, mas agora pergunto-me, do alto da pertinência científica, qual será a fórmula léxico-pachachal mais consensual de se ouvir na hora de pinar?

Patife
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