Que não podia dar certo
E era coisa de evitar.
Como eu, devias supor
Que com gente ali tão perto
Alguém fosse reparar.
Mas não; fizeste beicinho,
E como numa promessa,
Ficaste nua para mim.
Pedaço de mau caminho,
Onde é que eu tinha a cabeça
Quando te disse que sim?
Embora tenhas jurado
Discreta permanecer,
Já que não estávamos sós;
Ouvindo na sala ao lado
Teus gemidos de prazer,
Vieram saber de nós.
Nem dei p'lo que aconteceu,
Mas, mais veloz e mais esperta,
Só te viram de raspão.
A vergonha passei-a eu:
Diante da porta aberta
Estava de calças na mão!
Letra: Maria do Rosário Pedreira
Música: António Zambujo