Tentei esquecer, passar por cima da desilusão, fingir que nunca nos tínhamos conhecido. Mas não consegui.
Foste um sonho e uma esperança... foste a promessa de uma vida melhor... foste quem disse que, juntos, realizaríamos os meus sonhos, também eles teus.
Mas não tiveste coragem de avançar... recuaste no último instante... desististe do teu sonho...
E, meu anjo imaginário, não te critico nem culpo... apenas choro a morte dos meus sonhos, que enterraste juntamente com o teu...
Mas não esperava que, ao renunciares ao teu grande sonho, desistisses totalmente de mim...
Abandonaste o que mais querias e abandonaste-me a mim...
Pintaste um quadro lindo, onde existíamos nós dois e uma vida perfeita. Mostraste-mo e perguntaste-me: queres? Aceitas?... E eu peguei nesse quadro maravilhoso e juntei-lhe mais detalhes, pedaços de sonhos e esperanças: um casamento descalça na areia, iluminada por um pôr do sol resplandecente, uma vivenda, uma família feliz, um jardim e um cão, um filho...
E perguntei-te: gostas? Aceitas?
E tu disseste que sim...
E quando íamos pendurar esse quadro pintado com os sonhos de ambos, tu saíste apressado, dizendo que não podias, que ias abdicar do teu sonho...
E eu fiquei sozinha, com um quadro esborratado nas mãos, onde antes brilhavam sonhos coloridos. E agora apenas continha farrapos de tinta... farrapos de sonhos, de esperanças e ilusões...
E não sei que fazer com esse quadro, pois não fui capaz de me desfazer dele, mas também não o quero comigo...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado