Corro.
Corro atrás de ti, daquilo que representas para mim, do sonho que me prometeste.
Corro atrás da alegria, da felicidade, da beleza, da juventude, do amor, da riqueza.
Corro atrás do respeito, da tolerância, da solideriedade, da amizade, da verdade.
Corro atrás do que já perdi, tentando alcançá-lo de novo.
Corro atrás da oportunidade desperdiçada, do momento perdido, das palavras que não foram ditas, das lágrimas que não cheguei a derramar, dos pedaços de vida que deixei passar.
Corro atrás do que já tive e do que espero vir a ter.
Corro atrás de quem amei e já se foi.
Corro atrás das lembranças, das memórias, da esperança, dos cheiros e sabores, das paisagens do meu passado.
Corro atrás de quem fui, de quem não voltarei a ser, de quem me tornarei.
E ao correr, também fujo...
Fujo da mentira, da maldade, da ignorância, do desespero, das bestas que me rodeiam.
Fujo da pobreza, da velhice, do papão, da falta de valores, do medo, da indiferença.
Fujo do anonimato, da mediocridade, das lágrimas que deitei, das dores que me deixaram um bocadinho mais céptica, das linguarudas e maldizentes, da inveja, da cobardia.
Fujo de mim própria, dos meus "esqueletos no armário", da minha fraqueza, dos meus erros, das más escolhas que fiz, das vezes em que magoei outras pessoas.
Fujo da recordação e também do esquecimento.
Fujo de ti, fujo de mim, fujo de nós.
Fujo da realidade em que não consigo mais viver, correndo atrás daquela que procuro...
Fujo...
Corro...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado