24 dezembro 2012

«maria» - bagaço amarelo

É verdade que o menino Jesus cresceu e fez montes de milagres. Multiplicou pães e vinho, curou cegos e paralíticos. Depois disso, só o Pai Natal é que o conseguiu derrotar. Para além de ter renas voadoras, pôs milhões de pessoas, um pouco por todo o mundo, a gastar dinheiro que não têm para comprar coisas que não precisam, e bate-o aos pontos em popularidade.
Do milagre da Maria, mãe de Jesus, é que pouco se fala. Quer dizer, fala-se, mas ainda assim é um milagre secundário comparado com os do seu filho ou com os do gordo barbudo. A mulher engravidou mantendo-se virgem o que, convenhamos, é ainda mais incrível do que renas a voar, paralíticos a andar ou cegos a ver. Da multiplicação do pão e do vinho já não digo nada, porque quando a coisa mete vinho pelo meio é comum começar a ver a dobrar.
Serve este texto para dizer que eu considero que Maria conseguiu, de facto, um milagre enorme. Não através da acção do Espírito Santo no seu ventre, mas sim através da sua inteligência. Não é preciso muito para ver o que acontece a uma mulher adultera, ainda hoje, em alguns grupos sociais com maior fervor monoteísta. Na melhor das hipóteses, sobrevive depois de levar uma valente sova, mas o mais normal é acabar alguns palmos debaixo da terra.
Foi sempre assim que as coisas acabaram para as mulheres em regimes onde o poder político e a religião se confundem. Olhemos para a Inquisição ou para a recente introdução da Sharia na Nigéria. As mulheres saem sempre a perder, a não ser que se dê um milagre. Com a Maria deu, porque ela o soube criar.
Boas festas!


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»