17 março 2010

vivemos num dos melhores países do mundo para o sexo...

Sexo puro e duro, como sói dizer-se. Sem barreiras nem estribeiras, curto e grosso, tântrico, elementar e profilático. E sem esforço. Ele está aí, entra-nos porta dentro (ou por onde calha e menos se espera) e nem pede licença.

E vêem de cima, como deve ser, os bons exemplos. Curando de cuidar dos cidadãos, tal é a preocupação dos mandantes (supostamente os elementos activos da relação), na sua agitada sanha em promover a satisfação sexual dos viventes, fodem-nos de todas as maneiras e feitios, numa incessante demanda – quiçá – de um sagrado Graal, que colhe em Epicuro o néctar.

Porque, em boa verdade, todos buscamos a felicidade, pela aponia – a ausência da dor – como pela ataraxia – a imperturbabilidade da alma. Temos, até, uma propensão muito nossa para fundir estas duas… e levitar – uma espécie de apotaraxia que nos pariu...

No corre-corre das portagens, em auto-estradas inoperantes por gigantescas filas de carros e eivadas de buracos com e sem obras; no PEC, óbvia abreviatura do esquema pecaminoso com que estamos a ser sodomizados; na Segurança Social à espera de que façamos filhos que nos assegurem a reforma, quando nós descontamos exorbitâncias… para a nossa reforma; por outro lado e em antítese, nas reformas milionárias e recordistas de velocidade de tanto afilhado do regime; de cada vez que metemos gasolina ou gasóleo; de cada vez que pagamos a electricidade, ou a água, ou o gás, ou o telefone; no maquiavelismo sado-masoquista do IRS; nas taxas «moderadoras» (e tantas outras…), bem como na medicamentação, na Saúde; na miserável rentabilidade dos Certificados de Aforro, quando o Estado paga quatro, cinco, seis, sete vezes mais às entidades a quem vai buscar o dinheiro «lá por fora»; na Educação, pobre, atrofiada e deficiente, mas sempre viva e exploradora, qual «marrequinha de Monsanto», à sombra da qual tanto editor livreiro tem feito fortuna; na Justiça, também ela tântrica, sado-masoquista e careira; na desmesura de uma Assembleia da República repleta de boys e girls, (que nem fornicam nem saem de cima, diga-se, mas fazem-se pagar bem e reformar melhor); na violação sistemática das regras ainda ontem definidas e que mudam de posição como amante inconsistente e volúvel, sem que ninguém seja capaz de lhes acompanhar o ritmo… E o rol seria infinito!

Alguém duvida, pois, que nesta costa banhada por tantas lágrimas de Portugal – como dizia o poeta… - haja também muito miasma misturado nas salsas ondas, tal a imensidão orgasmática em que vivemos?

Eu cá não tenho dúvidas… E já estou pràqui que nem posso, diga-se!


(Desculpa lá, São, mas se não fosse aqui, onde verteria eu este suspiro de sublime prazer?)

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