28 março 2010

A prostituta azul

O homem tinha sido azul, nos tempos em que tinha sol que o aquecia. Agora, o azul empalideceu de cinzento. Agarrava todos os bocadinhos dessa cor que ainda lhe sobravam; nos cinzentos doía sempre uma dor vestida de prata aguçada, vestida da vida que sonhou um dia e que agora tinha e não sentia. Disse-lhe que lhe queria o corpo. Deu-lhe muitos daqueles papéis coloridos de feio que tinha na carteira. Deitou-a na cama e procurou os pedacinhos de azul que moravam no calor do sol dela.

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Uma por dia tira a azia