06 janeiro 2005

Noite na cidade

foto: Christian Coigny


Virou-se mais uma vez na cama, estava quente e húmida.
O calor gotejava-lhe do corpo em suor. Pela janela aberta não entrava nem uma brisa.
Ouvia nitidamente o ranger da cama dos vizinhos do 5ºandar.
Metódico, rotineiro.

Sentia um vago sentimento de inveja e tentou recordar-se da última vez que lhe tinham tocado.
Acho que foi o Paulo, pensou.
Afastou rapidamente o pensamento, não tinha sido propriamente "satisfatório".

Olhou para o tecto e tentou imaginar os vizinhos a fazerem amor, conseguia imaginar aquelas duas pessoas com quem se cruzava ocasionalmente, nuas e a contorcerem-se uma na outra.
Mas a imagem do acto ficou, a imagem de dois corpos nus, suados, tornou-a consciente do seu próprio sexo.

Desceu a mão pelo corpo e tocou o sexo, sentia-o latejar, abriu as pernas quase inconscientemente uma mão abrindo os lábios vaginais para melhor se acariciar.
Tocou-se devagar ao ritmo do colchão que rangia, levantou e baixou as ancas como se também nela entrasse aquele sexo, duro, hirto, que penetrava a vizinha.
Soltou um gemido de prazer, mordeu o lábio, contraiu as coxas quando o ritmo que vinha do tecto se tornou mais rápido e premente.
O corpo seguia agora os corpos que adivinhava.

Num espasmo, num gemido, num rangido final atingiram o orgasmo.

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