07 setembro 2006

sonho (con)sentido...


À hora combinada, soou a senha, sob a forma de pancadinhas. Pela porta do quarto do hotel, ligeiramente entreaberta, ela fez passar uma écharpe que prontamente foi recolhida por uma mão de homem. Calmamente, Ivone pegou noutra igual e vendou os seus olhos. Estavam a fazer tudo conforme o combinado.

- Já posso entrar? Perguntou ela em tom baixo.
Como resposta, a porta abriu-se. Ela entrou e Duarte fechou-a com segurança.

Finalmente, o ENCONTRO tantas vezes adiado!!!

Estavam frente a frente, mas, não se viam. Tinham combinado conhecerem-se apenas com os olhos do sentir, como se de invisuais se tratasse. Ivone estendeu a mão, tacteando o ar, à procura do corpo de Duarte… Encontrou-o. Estavam agora tão próximos que as suas respirações ofegantes confundiam-se...

Dizendo um olá cordial, abraçaram-se... O rosto de Ivone encaixou numa zona masculinamente aromatizada, que ela identificou como sendo o peito.
- Uiiii…és realmente MUITO alto!...

Ivone sentiu o afago de duas mãos quentes e carinhosas no seu rosto, mimando-o, como se quisesse adivinhar-lhe as feições. Então ela, elevando um pouco as mãos, partiu à descoberta daquele corpo desconhecido. Primeiro sentiu-lhe o picar da barba. Hummm… estava por desfazer como lhe pedira…

Ao seu comentário “hummm, pica bem…” ouviu um ligeiro riso, um pouco sufocado. Com o indicador hesitante, contornou-lhe os lábios e sentiu-o estremecer... Continuou esse contorno até sentir a humidade da boca entreaberta… Aproveitou para lhe medir a temperatura sendo o seu dedo lambido, beijado e sugado gulosamente. Agora humedecido, o dedo contornava melhor… deslizando sobre uma textura humidamente apetecida… De seguida, escalou o aprumado nariz, saltou a venda de seda e as suas mãos percorreram uma cabeleira farta, mas curtinha. Na descida, ao contornar suavemente os lóbulos das orelhas, o percurso foi interrompido por duas mãos enérgicas, que seguraram as suas. Apertou-as e acariciou-as, de encontro ao rosto escaldante. Sentiu o seu queixo a ser erguido, a cabeça a ficar segura e mantida para trás, enquanto uns lábios sequiosos pousavam nos seus. Sentiu um beijinho curto, seguido de outro e outros mais… Muitos, progressivamente ardentes, se seguiram.Ivone sentia que podia confiar completamente naquele homem.
Sentiu enorme vontade de rodear e pendurar-se no seu pescoço… porém não o fez… Optou por rapidamente atirar os sapatos, trepando para a cama…

Agora também estava alta, até mais alta que ele… Aconchegou ternamente a cabeça de Duarte ao seu peito…
Tinham combinado não se verem , porém, no tocar, no sentir, não haveria limites caso se sentissem confiantes!!...

Ela deixou-se acariciar pelas mãos de Duarte, que percorriam todo o seu corpo. Chagadas ao limite da saia, as mãos experientes, iniciaram a descoberta subterrânea… Acariciou-lhe as coxas, e as frias nádegas… Inesperadamente as suas mãos tornaram-se rápidas, impacientes… Ivone, emocionada apertava fortemente a cabeça de Duarte contra o seu peito, e afastara ligeiramente as pernas para manter o equilíbrio sobre o instável colchão…

Sentiu então que a mão direita dele, aproveitando o espaço surgido, lhe acariciava o sexo, afastando o pouco tecido que o cobria… os seus dedos desbravavam o desconhecido. As suas respirações aumentaram o ritmo… Um gemido não contido, fez-se ouvir …
- Desculpa, gosto mais com o polegar, faz-me como eu gosto… isso... uiiii... é assim... aiii, forte agora…isso, isso.. assim.... veloz… não tenhas medo… não dói…. mais rápidooo!!!…
Uma musicalidade sobejamente conhecida dela, um chap, chap de humidade cada vez mais abundante, fazia-se ouvir… Deu conta que o abraçava cada vez mais forte… Que intenso momento aquele!... Sentiu que lhe encharcava a mão e que pelas suas coxas escorriam humidades…
- Fazes outra vez ?... - pediu ofegante….
- Faço querida, faço... sim… hummm, eu faço, faço tudo o que quiseres… isso, isso, molha-me a mão, molha mais que eu gostoooo!….
O transbordar repetiu-se e repetiu-se…

- Ui.. agora, pára um pouco, estou sem ar… dá-me saliva…- pediu ela numa voz que se adivinhava feliz.
As bocas uniram-se nova e sofregamente. Gostoso e doce jacto de saliva entrou na boca ressequida…
- Finalmente estamos juntos… morria de desejo por este momento… segredava-lhe ela, num sussurro, beijando-lhe o cabelo…
- Também o desejei muito. - e segurando-me a mão entre as suas, ajudando-a a descer. Guiando-a, fez um convite com voz irrecusável:
- Anda, vamos descobrir mais de nós...

- trim...trim….trim…
- Oh, não!!... cachaticeee!!!... Oh, quero lá saber!!!! Que se lixe!!!!! Hoje falto à primeira hora!!!!

Ivone, desligou o despertador e virou-se para o outro lado… tornando a adormecer…
Estava esperançada que retomaria o sonho… Porém, para seu desencanto, tal não aconteceu…

Apesar de desconsolada, de uma coisa ficara convencida: não poder ver para fora, possibilita, ver com maior clareza… para dentro!!!..
De olhos vendados, conseguiu interiorizar melhor muitas sensações, redimensionando o seu corpo...

Pena não ter podido descobrir mais… :(

Papoila_Rubra / Abril de 2006

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