01 fevereiro 2007

Até não tinha sido uma rapariga problemática. Aos 16 anos apaixonou-se, uma história que viria a revelar-se triste e pesada, mas que nos primeiros anos foi feliz, como é regra nas histórias de amor.
Pouco menos de 2 anos depois, centenas de preservativos utilizados depois, a menstruação estava em falta havia já 1 semana. No meio da angústia, avaliou a sua situação: os pais conservadores que depositavam nessa filha única todos os receios e expectativas; o ensino secundário perto do fim, mas o resto do caminho ainda por começar; dinheiro no bolso só para uns cigarros, de vez em quando.
De mão dada com o namorado, entrou num quarto de arrumações de um centro de saúde para que um enfermeiro que nunca antes tinha visto lhe espetasse a agulha por onde o líquido doloroso como vidros entrava no seu corpo em jeito de salvação.
Não se sentiu nada bem durante uns tempos, mas sabia que tinha feito a única coisa que poderia ter feito.
Para evitar sustos futuros, recorreu à médica de família para que lhe recomendasse uma pílula. Passou a andar mais descansada, a segurança já era outra, mas entre todos os problemas do final da adolescência, uma nova pedra no sapato a atormentava: aquelas malditas dores de cabeça que a obrigavam a tomar 16 comprimidos por dia e que nem assim lhe davam tréguas que merecessem o nome.
A sua médica nada encontrava que lhe causasse tantas dores, pelo que acabou por encaminhá-la para um neurologista. A primeira pergunta deste médico foi simples:
- Tomas a pílula?
Ainda que estranhasse o familiar tratamento, vindo de um desconhecido, respondeu calmamente que sim. A solução do médico não se fez esperar:
- A partir de hoje passas a colocá-la entre os joelhos. Se não a deixares cair, verás que os teus problemas desaparecem.

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Uma por dia tira a azia