31 dezembro 2010
Os que vão, assim, caminham
30 dezembro 2010
Corte e costura
A tesoura imaginária que corta ligações mantidas de forma precária, dez vezes mais depressa do que a mão sorrateira que tenta reparar à sua maneira os elos perdidos, muitos cortes definitivos, de forma atabalhoada, improvisando uns nós, atarefada a cortadora apressada que se acredita melhor caminho para a salvação no estranho conforto que a solidão parece prometer, talvez algum órgão vital a morrer por falta de irrigação das veias separadas pelas lâminas afiadas de uma tesoura imaginária que tenta alterar a história e prevenir a infecção recorrendo à amputação das ligações associadas a más emoções ou apenas teoricamente ameaçadoras, essas relações comprometedoras para o sossego das tesouras que reagem de forma automática a qualquer sensação menos simpática, o corte radical para separar o bem que somos do mal que os outros podem representar.
A tesoura imaginária a cortar, cem vezes mais depressa do que a mão piedosa que vê as coisas em tons de rosa e se esgota num esforço inglório para (re)atar alguns nós.
A ver se consegue evitar que acabemos completamente sós.
29 dezembro 2010
O João aprova #3
Esta imagem tem tudo para ser aprovada. É muito convidativa. Aquelas pernas, assaz interessantes, conduzem a um rabo sedento pelo tauísmo (vertente passifista, i.e., de todos aqueles que praticam e advogam a pás entre os povos) e quando olho esta imagem tudo nela transpira um alto e bem definido "possui-me!". Ou, como se diria em latim, "fode-me".
Há Outros Dias...
Há dias em que a tristeza não encontra os nossos dedos.
Há dias em que o silêncio é o melhor amigo da nossa alegria e seríamos menos felizes se palavras houvessem para a descrever.
Há dias em que os raios de Sol são raios de Luz que nos iluminam.
Há dias em que o astros, a Lua e o Sol estão de tal forma alinhados que as estrelas falam connosco.
Há dias em que agimos sem conseguirmos pensar.
Há dias em que a alegria esperada supera-se de tal maneira que – se medida – não teria espaço em corpo meu.
Há dias em que o interessante se transforma em bom, depois em óptimo e só o todo tem lugar sem detalhe que impressione.
Há dias em que não há próximo, existe apenas comunhão.
Há dias em que o coração em vez de bater, aperta e expande à velocidade da Luz.
Há dias em que todos os caminhos têm apenas uma direcção.
Há dias em que as pernas tremem, o coração acelera em êxtase, as pálpebras piscam de nervoso, os olhos fecham em prazer, a expressão facial ganha cor, as costas dobram num abraço, os braços envolvem, os movimentos suaves, o cérebro grita, a visão só reconhece o brilho, o pescoço roda, o peito enche, o cigarro é pontual e um pingo de suor atrevido escorrega suavemente nas costas até soltar-se.
Há outros dias...
Matemática
dar-te, no meu espaço, o espaço meu,
o lugar que me toca a pele na cama;
porque deve ser apenas assim que se ama,
de todo o espaço, a pequena coisa que cedeu,
é na fronteira do eu, é o espaço de na pele tocar.
Uma noite, quando sonhares, poderás deitar
o sonho teu, ali será o meu e o meu será o teu
como eu e a palavra nossa há-de ser a mesma,
essa palavra que junto à pele já nos soma;
não somos um, gosto que sejas tu, eu sou eu
mas, aqui, aprenderemos contas de somar.
28 dezembro 2010
Endurance
Um segundo, no máximo, diria.
Em que sentiu no estômago o mesmo que sentia quando, era miúda, o pai passava com o carro a determinada velocidade nos túneis das avenidas novas e ela, com o irmão no banco de trás, ria e pedia "mais, mais!".
Em que achou que todo e qualquer milímetro cúbico de sangue lhe afluira ao cérebro.
Em que ouviu o coração descompassado, como se fora do peito.
Em que viu as mãos a tremer.
Foi só um segundo.
Respirou fundo e obrigou a fisiologia a voltar ao normal.
Como uma atleta de endurance.
Afinal, na vida, não passamos de candidatos a corridas de fundo.
Efeméride
27 dezembro 2010
Grandes questões da humanidade
Acto Violento
A blusa, branca e fina, a permitir observar a silhueta de um peito nu é puxada por trás, arrancada pelos botões que cedem à força do indivíduo que a deseja e manieta. Depois da garganta, são os seios de Maria que sentem o apertar descuidado do homem que a empurra e parece aumentar o seu desejo proporcionalmente à violência do acto.
De mão esquerda nas suas costas a aprisionar todo o corpo contra a parede, o homem levanta a sua saia e acaba o que começou minutos antes.
Maria contorce-se e gira sobre ela balbuciando palavras, de olhos cerrados, de corpo tenso na média luz que a envolvia; o despertador toca; Maria levanta-se com um sorriso de ter vivido uma experiência rara...
Renault twingo Sport - «drag queen»
Eu? "Digo... linda! Digo... papá lindo! Digo... papá linda!"
26 dezembro 2010
Lídia Poema
Lídia, ele, sim, lago que afoga o mar,
ele, o mago do relógio que parte o ar
e me dá só do tempo sem dono;
onde estará o senhor do abandono
que parece nunca me encontrar.
Diz-me, Lídia, do que nunca foge
e amanhã e sempre em cada hora
diz agora, imediatamente, hoje;
diz-me, Senhora, porquê tanta demora?
Quem é ele que se lembra do Outono?
«Terror na madrugada» - por Rui Felício
Há vários anos que a Elisa vivia sozinha num pequeno apartamento da Av. de Roma.
Habituara-se a essa vida solitária e, apesar de as notícias de assaltos serem cada vez mais frequentes nos últimos tempos, não tinha medo.
Contudo, naquela madrugada, acordou sobressaltada, com a respiração ofegante.
Sentia uma mão a pressionar o seu seio esquerdo. Na escuridão do seu quarto, pensou que alguém tinha invadido o apartamento.
A prova disso era aquela mão que cada vez mais lhe pesava no peito, enclavinhada no seio. Aterrorizada, manteve-se imóvel, tentando raciocinar e perceber quem seria o intruso que estava ali ao seu lado, apalpando-a!
Pensou em gritar, pedir por socorro, mas teve receio que isso pudesse levar o assaltante a cometer alguma violência.
Apesar do pavor que a inundava, a verdade é que aquela mão no seu seio nu não denotava violência. Bem pelo contrário! Estranhamente, ao terror mental juntava-se também o prazer físico do toque firme mas delicado daquela mão.
Há tanto tempo que o seu corpo não era tocado, acariciado por uma mão...
O que sentia agora, era já uma mistura de medo e de desejo. O arrepio estendia-se desde o peito até à barriga. O calor invadia-a e instintivamente afastou ligeiramente as pernas...
Encheu-se de coragem, decidiu arriscar, queria ver o rosto do intruso, queria que ele lhe apagasse o doce fogo que a queimava.
Conteve a respiração e, procurando não mover nenhum músculo que denotasse o movimento e o assustasse, foi aproximando lentamente a mão direita, da mesinha de cabeceira, carregou no interruptor do candeeiro e a luz jorrou.
Piscando os olhos à súbita luminosidade, sem se mexer, percorreu a cama e o quarto com o olhar. Não estava ali ninguém! Estava sozinha, não tinha dúvidas...
Mas a verdade é que aquela mão ainda estava pousada no seu seio!
Olhou. Viu então que era a sua mão esquerda, dormente, insensível, onde começava a sentir um formigueiro na ponta dos dedos...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»
25 dezembro 2010
Rol [de Natal]
24 dezembro 2010
As meninas da Triumph e o Natal
Já no ano passado (e em anos anteriores) abordei o assunto. É difícil não o fazer. Vejamos então o que nos propõe a Triumph para este Natal (melhor dizendo, vejamos de que modo a Triumph tenta fazer-nos accionar o seguro automóvel):
De novo. Helena Coelho. Não sei o que pensar disto. É que se na primeira foto estamos num contexto assaz doloroso para o pescoço mas possivelmente indicador de êxtase, já nesta segunda foto a cara é do mais absoluto frete, ou até desconfiança, e isso, lamento, não é bom. Mau. Mau mau mau.
Não sou especial apreciador da Andreia Rodrigues. Desculpa Andreia, até podes ser uma porreira, e dentro daquilo que eu aprecio, o conjunto que te deram a vestir até é jeitosinho, é sóbrio (embora dispense o raio do laçarote no soutien, mas enfim, fazer o quê) e razoavelmente eficaz, mas não me convences. Ao menos, não tens a cara de frete da fotografia anterior com a Helena Coelho.
Dizem que é a Isabel Figueira. Desculpem. Mas só com muito esforço a reconheço. Concluo com a sensação de que a campanha de Natal da Triumph aterrou ao lado. Não foi bem conseguida. A linguagem corporal não é nada natural, as expressões faciais estão no mínimo esquisitas, e, se calhar, já nem vale a pena insistir em tanto vermelho só porque é Natal.
na tal festividade
quiçá rico em rabanadas
aletria e afinal
coisas boas e bem dadas
e não se entenda de fora
destas coisas outras várias
aquelas que o pudor cora
mas que são extraordinárias
façamos do mundo todo
o tudo que ao prazer cabe
limpando do mundo o lodo
mas que o amor nunca se acabe
amor por ti e por mim
e por quanto lá vier
e quem não quiser - enfim
bem se pode ir… recolher
e depois com Lennon digo:
imaginem toda a gente
num grande abraço de amigo
fazendo um mundo diferente!
E, como nos dizia o Solnado, façam todos o favor de ser felizes!
Lides domésticas
Finalmente um electrodoméstico que nenhuma mulher se importa de receber como prenda.
Instructions: After turning the dial to the required setting, press the 'on' button and climb into the saddle with your legs at the front of the machine.
Vencer os frios grandes [no Natal]
tantas pontes nos rios
tantos ramos nas árvores
tanto azul em sal nos mares
que cercaram de fogo os frios
grandes, depois escreveram
paz na folha, assim encheram
cada peito inundado de vazios;
e no meu peito eles cresceram,
não são grandes, são maiores!
Os poetas meninos desenharam
os nossos beijos nas suas dores.
23 dezembro 2010
Nunca jamais
Há manifestações bem mais interessantes que outras...
Casalinho entretido
Agora estão na minha colecção... e não "deslargam".
Estatueta em madeira Kayu Suar (sim, sim, tive que ir ver o que era) com 30 X 10 X 19cm
22 dezembro 2010
A caminho do nu artístico?
Marcha de avançar
a perna, ele sabe. Quebra. Triste.
Ele ainda eu sou, meu amor, e nunca viste
sequer uma Lua, um Sol aqui, o erguer
do impossível, o desesperado combate
que ganhei para ti e perdi por defender
o reino quando o reino, afinal, nem existe.
Nunca estranhes se eu não escrever
sequer mais uma palavra. Porque desiste
de mim cada sonho que não pode aprender
e na escola deste soldadinho triste só insiste
o toque dobrado, partido, do recolher.
A boneca de trapos em farrapos vai perder
a pena, ela sabe. E rasga. Triste.
_____________________________
O OrCa não pode ouvir falar de boneca de trapos que ode logo:
"quebra e rasga
e brando engasga
um amor de chumbo feito
embrulhado no papel
sentinela do teu peito
e bate como corcel
que o lume funde e ajeita
num brilho de vagalume
papel ao chumbo se deita
enfeita coração e assume
ser de chumbo e de papel
sua história de cordel
de vida mais que imperfeita"
Sonho
A profunda tarefa do ecletismo é passares a sonhar sem dormir, tocares os mais próximos objectivos da grandeza das imagens que produzes em corpo repousado.
Contudo, sem saíres do equilíbrio, não perdendo o ímpeto da concretização originada pelo planeamento, premonição ou clareza que te é transmitida hiperbolizada pelo sonho;
Sonha; Sonha em sono e acordada; Aproveita as mensagens como catalisadores de acção equânime na tua vida.
21 dezembro 2010
Oh Anna
Se queres que te diga, não posso fazer.
Ou (já) não quero, vai dar no mesmo.
Insistes nem sabes bem em quê.
Muito de vez em quando, como quem pretende matar uma pulga que lhe reside por detrás da orelha.
E não me chegas a maçar, ainda que também não me massages o ego.
Vivo à margem de ti, entendes?
Não fazes parte de coisa alguma que me diga respeito.
E é isso, deixa-me adivinhar(-te), que te move, não é?
Desisti antes de me dares licença.
Disse "não" antes de ti.
E agora, em jeito de vingança sem plano, queres manter-me até que sejas tu a poder pontuar algo que me atrevi a decidir sem o teu aval. Mea culpa.
Não há nada a fazer, darling.
Mas uma coisa admito: sempre tiveste excelente gosto musical.
O que não é nada mau.
Câmara
20 dezembro 2010
Edito Estrelas
A malta não se cala:
Joana Well: "Eu gosto de lhes chamar bolinhas."
shark: "Se chamares isso aos meus eles não respondem..."
Rui: "Pois, essa faz-me lembrar uma acontecida na parada de instrução, em Mafra. Um soldado, atingido pela coronha de uma Mauser, começou aos ais... o furriel perguntou o que é que se passava e o soldado respondeu: «Ai, meu furriel, estão-me a doer os testículos!». «Testículos, seu filho da puta?!» - responde-lhe o furriel - «Testículos tem o nosso general, o nosso capitão tem tomates e você, sua bosta, tem é colhões!»... Bons tempos..."
kikas: "Eu gosto de lhes chamar «tintins». Anatomicamente, é a coisa mais fofa que os homens têm e este nome não choca nem causa pruridos sobre a geometria ou tamanho dos ditos cujos."
shark: "Tintins?! Tintins?! Isso é mesmo coisa de gaja, ó fáxavôre... Lucky Lukes ainda vá. Até Astérix, enfim... Mas Tintins?! E Spirous, não? Tintins... uns coisos tão másculos...
São Rosas: "Ainda por cima quando, em vez de chatos, têm... a Milu! Eu só me lembro da anedota do menino Zezinho, quando a professora começou um jogo, que era cada aluno dizer uma palavra começada pela letra que ela indicasse:
- Menina Aninhas, diga uma palavra começada por «C».
O menino Zezinho sussurrava para a Aninhas:
- Diz «Caralho»... Diz «Cona»... Diz «cabrão»... Diz...
- Casa! - diz a Aninhas.
- Muito bem, Aninhas. Menino Filipe, diga uma palavra começada por... «P».
O menino Zezinho já gritava mais do que sussurrava:
- Diz «Paneleiro»... Diz «Puta»... Diz...
- Pentecostes! - diz o menino Filipe, orgulhoso da palavra cara que aprendeu na missa do domingo passado.
- Muito bem, Filipinho. Menino Zezinho, está aí com tanta vontade de responder, diga uma palavra começada por... «A».
O menino Zezinho começa a pensar... a pensar... mas não lhe ocorre nenhuma asneira começada por «A». Já se torcia todo na cadeira, deitava fumo pelas orelhas, arrancava cabelos... e a professora insistiu:
- Então, menino Zezinho? Uma palavra começada por «A»...
Fez-se luz ao Zezinho:
- Já sei, senhora professora!
- Diga, Zezinho.
- Anão...
- Muito bem, Zezinho!
- ... mas com uns colhões enoooormes!
São Rosas (de novo): "Testículos não são testes em fascículos?"
shark: "Também podem ser ventríloquos com a boca na testa, bem vistas as coisas numa perspectiva estritamente homófona..."
São Rosas: "Ou gajos com colhões pendurados nos cus, numa perspectiva estritamente homófoba."
corto: "Testículos ainda pode dar a ideia de que têm dois dedos de testa, o que iria estragar definitivamente a ideia que as tias têm do mal que vem por pensarmos mais abaixo. Mas Tintins, francamente, nem Lucky Luke, nem nada disso... talvez Corto... ainda vá. Tomates está muito bem! Rima com grelo, o que é muito bom!"
São Rosas: "Concordo. Tomates e grelos ao poder... digo, foder!"
Nelo: "Éu tameim goshto muinto de isfragar, cria dezer, iscrever uns testículos..."
Laura: "Aqui o je de vez em quando chama-lhes um figo! E, segundo a época ou estação, vai variando. Agora, por exemplo, chama-lhes nozes! Toujours très tendance!"
Rui: "Mas tintins é o nome apropriado... é assim uma coisa muito mignone e deve ser nome adoptado pelas senhoras. Que me lembre, as que conheço dão-lhe esse nome e gostam deles como dos Ferrero Rocher... demoram é mais tempo a saboreá-los..."
kikas: "Às vezes até costumo dizer: «Ó Ambrósio, passa-me os tintins pela boca que eu estou carente de chocolate»."
Rui: "Com a vantagem deste ser chocolate de leite..."
São Rosas: "Não sei. A Kikas não preferirá chocolate... negro?"
O Trilho do Caminhante
Procurava um coração.
Encontrei-me um grande;
a cada hora nascia mais brilho e côr.
Deixei-te procurar o fundo;
Mostrei o trilho do caminhante;
Vês como vai ficando nítido?
Encontras o conforto dos prados,
o Sol reflectido nos riachos
e as estrelas a cercar a Lua?
Percebes a beleza de uma eternidade pintada
nessa tela tão cheia de tudo sem ilusão?
Poucas coisas ferem esta imagem sem mácula.
Poucas coisas ferem...
Regime da prática de naturismo e da criação de espaços de naturismo
Lei n.º 53/2010. D.R. n.º 244, Série I de 2010-12-20
Feministas, cuspam nos dedos e mudem de página!
(*1) Lésbicas como eu, salivem mas cuidado com os teclados!
(*2) Quem preferir ovos estrelados tem aqui a Alyssa Milano.
19 dezembro 2010
Paredes
«Oralidades» - por Rui Felício
Os exames eram um flagelo. Um mês antes, já a ansiedade tomava conta dele, perdia o apetite, dormia pouco, a capacidade de retenção dos conhecimentos quase batia no zero.
Passava noites em claro a estudar, a rever a matéria, embrenhado nos livros.
Porém, frequentemente, tinha que ler o mesmo parágrafo duas e três vezes seguidas, porque ao fim de cada leitura não recordava nada do que tinha acabado de ler.
Porque se desconcentrava, porque lia uma coisa mas, obcecado, só pensava nos exames e no pavor de não ser capaz de responder às perguntas que lhe fossem feitas, chegando ao fim sem saber o que tinha lido.
O Paulo era um bom aluno, com classificações acima da média, mas a aproximação dos exames dava-lhe volta ao estômago. Sentia-se inseguro, agoniado...
Não eram as provas escritas que o amedrontavam. Nessas tinha confiança no seu saber. O seu feitio tímido e a sua insegurança, assustavam-no, era nas provas orais. Tinha, portanto, que estudar mais e mais para poder garantir que obteria boas notas nas provas escritas que o dispensassem das orais.
Já na vida amorosa, era um homem seguro de si!
Todas as mulheres com quem namorou, o elogiavam pelo prazer que lhes proporcionava. Pela destreza e suavidade da sua língua que lhes tocava os mais recônditos e sensíveis lugares do corpo, levando-as à loucura, ao êxtase completo.
No sexo, ao contrário do que sucedia nos estudos, o Paulo era, reconhecidamente, um especialista nas orais...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»
«Se Você é o Cara que Flertava Comigo (...)»
Com Gustavo Bones, Gustavo Falabela
Bernardo experimenta as angústias do amor numa corrida confusa, rápida e alternativa, onde as peças e chances para encontrar a pessoa amada vão do telefone ao bom e velho dinheiro.
Link directo para o filme aqui.
18 dezembro 2010
O que não quero
17 dezembro 2010
What What (In The Butt) de Samwell
Incompletar-me
Um bastão em osso trabalhado (e que belo trabalho!...)
Uma delícia, este bastão chegadinho de fresco à minha colecção.
16 dezembro 2010
há dias...
em que tudo o que quero
é dizer-te que te amo
é sentir a tua boca,
a tua língua...
há dias
em que tudo o que quero
é sentar-me no teu sexo
enquanto me enlaças...
é sentir o teu corpo,
as tuas mãos
que afagam os meus seios...
há dias
em que és tudo o que eu quero
Para Maiores de Idade
Esta associação criou um audiolivro no âmbito de um "projecto que visa promover comportamentos saudáveis ao nível da informação sobre sexualidade e envelhecimento adequada às necessidades em saúde sexual desta população; e promover o reconhecimento e a aceitação da sexualidade como uma componente de todo o ciclo de vida".
O audiolivro «para maiores de idade» está disponível gratuitamente aqui.
Um forte aplauso!
15 dezembro 2010
A posta que foi bom para ti também
O Renascer de Júlia
De um movimento forte, repentino mas cuidadoso, ele gira o seu corpo; deixa-lhe o rosto a olhar as estrelas e uma total desprotecção consentida estampada no seu físico nu.
Um físico que Júlia estava habituada a ter de roupas caídas - nunca despido como se vê agora.
Mensagem de paixão resulta da linguagem dos seus corpos. Até no derradeiro deleite onde ele observa um sorriso inconsciente num rosto terno de olhos que descansam e reproduzem as mais belas imagens íntimas de si para si. As mãos tocam, os lábios nos lábios, a língua no êxtase do momento; a criar momentos; a fazer amor.
Quase fantasma
14 dezembro 2010
é mais uma... vá, é mais um encontro que faz parte do ciclo sobre o amor e a sexualidade
desta feita o tema é o amor platónico. ahhh! havia tanto a dizer sobre isso. o amor ideal. ahhh! o amor pela ideia do amor presente nas 'ssoas.
mas por vezes o amor não é platónico. é plUtónico. e ainda que plutão não seja «tão enorme» quanto o Platãozito, há que lhe reconhecer quadraturas e quicôncios e umas coisas que ando a aprender nas aulas de astrologia. um dia destes conto-vos. combinado?
Coisas de gaja
(Claro que isto é ele a ser um falso modesto, porque é giro que se farta e pode dizer estas coisas)
Tenho a dizer ao gajedo que olha para o P. quando saímos juntos, pensando que está a catrapiscar um tipo comprometido, que:
1.º: ele não é comprometido (lalalalalalaaaa!);
2.º : se ele fosse comprometido, estavam a fazer um papelão, ó galdérias dum raio, a fazer-se ao piso a um fulano que leva outra ao lado, sim senhoras...;
3.º: se ele fosse comprometido comigo, não olhavam para ele duas vezes, que à segunda já tinham o olhinho inchado e não viam a mais de meio palma de distância;
4.º: se ele fosse comprometido comigo (que não é, pelo que estão à vontadinha) e vos devolvesse o olhar de forma não inocente, deixava de ser comprometido e V.as Ex.as ganhavam um compincha para vos emprestar (para porem no olhinho à Belenenses) o gelo com que tenta que o inchaço nos queixos diminua;
5.º: é graças a comportamentos desses, caras meninas, que se diz que as gajas são umas cabras umas para as outras (os gajos fazem o mesmo, mas entendem-se entre eles e, no fim, acabam aos abraços e a beber uns finos, cagando para vocês);
6.º: eu, que sou arraçada de gajo, quando apanho um gajo acompanhado (mesmo que por uma amiga, sei eu lá bem qual é a natureza da relação de um gajo acompanhado por uma gaja) a galar-me, apetece-me ir ter com a gaja que está com ele (amiga ou não) ao WC (sim, ela está no WC ou no bar, este tipo de gajo só olha para as outras quando não tem a madame por perto) e denunciá-lo, incitando-a subliminarmente a dar-lhe cabo dos queixos ou das vistas, conforme os gostos.
E é tudo o que tenho a dizer sobre o assunto.
Mais soco, menos soco.
Águas
As Caldas da Rainha e a oportunidade... perdida?
Recentemente, o professor José Nascimento, que presidiu à Confraria do Príapo, escreveu o artigo «De Braços Abertos – Garrafa das Caldas » para a «Gazeta das Caldas»:
"Caldas da Rainha é terra de invulgar e distinta riqueza cultural. (...)Apesar das dificuldades e insuficiências, a terra das termas e da cerâmica procura adaptar-se à evolução dos tempos e encontrar novos rumos, conjugando as oportunidades proporcionadas pela modernidade com os elementos mais ricos da tradição herdada. Entre estes, a “Garrafa das Caldas” e toda a cerâmica burlesca de natureza sexual é, sem dúvida, a mais famosa, mesmo não sendo a de maior valor cultural.
Sendo óbvio o cariz sexual e paródico desta cerâmica, entretanto alargada a outros materiais, já não é tão consensual o seu carácter erótico, ou até mesmo pornográfico. Tal dever-se-á ao facto de não ser clara a definição destes conceitos, nem rigorosa a sua utilização corrente, permitindo todo o tipo de interpretações. Entendo este défice conceptual e representação polémica como uma oportunidade para o debate e o esclarecimento. Na verdade, esta notória tradição das Caldas da Rainha carece de estudo e investigação apropriados, designadamente sobre as suas origens, natureza, características, objectivos e evolução, merecendo maior atenção por parte das entidades autárquicas, académicas e associativas do concelho. A 1ª Mostra Erótica-Paródica das Caldas da Rainha, realizada há cerca de um ano pela Confraria do Príapo, deu uma importante contribuição para esse desiderato.
Uma breve passagem pelos dicionários diz-nos que o erótico se refere à expressão sexual do amor ou do prazer, quando afirmada de forma sensual, artística ou simplesmente significativa, por vezes até ilícita e libertina, tendo em vista excitar ou satisfazer a libido. Por sua vez, o pornográfico cobre um leque alargado de manifestações sexuais, desde as coincidentes com o erótico até às propositadamente explícitas e obscenas, com fraco ou nulo mérito artístico, em grau que atinja o pudor, a moral ou os costumes, causando um intenso desejo sexual ou uma forte repulsa (ou ambos, ocorrendo então uma dissonância cognitiva). Como se vê, estas definições não são claramente delimitadas e, também por isso, não merecem generalizada concordância.
Parece-me que a representação fálica da “Garrafa das Caldas”, intencionalmente caricatural, tem cabimento na intersecção das duas categorias, com objectivos mais de paródia e provocação, do que de excitação ou satisfação sexual. Naturalmente que o resultado final dependerá da interpretação artística do objecto fálico ou afim, do contexto ou situação social em concreto e, decisivamente, do significado que lhe for atribuído por cada pessoa. De facto, nem toda a gente tem o mesmo sentido de humor e a mesma relação de cumplicidade ou conflito com o sexo. O essencial, numa sociedade livre e tolerante, é que as diferentes sensibilidades sejam acomodadas, de forma adequada e na medida do possível, permitindo a realização dos legítimos desejos e preferências de cada um. Afinal, a sociedade é isso mesmo, um mosaico de personalidades, valores e estilos de vida.
A “Garrafa das Caldas” é o símbolo de uma tradição que merece ser defendida e apoiada. Dela podem beneficiar muito mais a cidade e o concelho, os artistas, os artesãos, os comerciantes e a população em geral. Além da reputação que possui e do interesse que desperta na opinião pública nacional e internacional, esta tradição pode proporcionar o desenvolvimento de uma economia interessante, geradora de postos de trabalho e bem-estar social. Por aquilo que me é dado ver, a generalidade dos caldenses tem orgulho e apoia este seu património histórico, sobrando aqueles que, por razões que só eles verdadeiramente conhecem, se lhe opõem ou o desprezam. A esses, gostaria apenas de dizer que, em matéria de obscenidade, é muito mais reprovável o comportamento elitista, arrogante e hipócrita de alguns, do que a representação grotesca de um dom da natureza, ao qual devemos a nossa existência e com o qual lidamos todos os dias, com maior ou menor benevolência."
O Paulo Moura, outro confrade, deixou lá um comentário:
"Caro confrade professor José Nascimento,
Partilho da sua preocupação mas receio que a «classificação» da louça erótica das Caldas como sendo paródica é perigosamente redutora.
Espero dentro de algum tempo ter concluído o estudo «Religião e culto fálico na região Oeste», do meu amigo Carlos Almeida, para que possamos entender as origens pré-históricas e as vicissitudes por que os rituais de fertilidade passaram ao longo dos séculos, com especial destaque para a «guerra santa» feita pela igreja católica.
As Caldas – e toda a região Oeste – têm uma envolvência há milhares de anos considerada mágica. As águas curativas das termas… Fátima…
O falo das Caldas não é paródico. Essa componente paródica é muito recente (poucas dezenas de anos) e, em minha opinião, tem a ver com uma forma inteligente que os artesãos das Caldas adoptaram e mantêm para conseguir fazer passar o seu artesanato pelas malhas da Censura (antes do 25 de Abril) e da censura social que se mantém nos nossos dias.
Também por isso, sempre defendi que se deveria mostrar, nas Caldas da Rainha, que os rituais de fertilidade e a arte/artesanato eróticos existem desde há milénios e em todas as partes do mundo. Isso só valorizaria ainda mais os méritos da «louça das Caldas». Mas receio que a Confraria do Príapo, assim como a Câmara Municipal das Caldas da Rainha, optem por uma solução mais «caseira».
A minha colecção, muito provavelmente, irá para outra cidade. Tenho pena."
13 dezembro 2010
A posta que nunca, ou mesmo depois
Capítulo
Já tinha acabado de o ler, mas... antes de passar ao próximo, quis recordar as mais marcantes passagens da degustação dessas linhas.
Longo, sinuoso e preponderante no desenrolar do restante enredo, capítulo rico de memórias horrivelmente belas.
Belas na vivência, mágoas da memória.
Ferem...
Fui ler algumas passagens antes de passar ao próximo; Quis memórias vivas para compreender o restante texto; preferia não as ter e começar o seguinte como se de um novo livro se tratasse... ou não.
Quis apenas guardar em gotas salgadas as memórias do último capítulo.
12 dezembro 2010
"Palavras leva-as o ventre"
esse tonto inteiro, foi namorar a madrugada;
só ele me levará completa, abandonada,
como um ponteiro abandona um momento
ao tempo de um relógio de corda.
"Palavras leva-as o ventre"; eu escuto
e das tuas ouvi um poema, nada
mais simples,a frase assim nascida
do ventre é tão filha do teu peito
que é como eu, só pelo ventre levada.
(Poema para o João Moreira de Sá, pai da frase "Palavras leva-as o ventre". Daqui Umbilical nasceu o poema. Muito obrigada, João! )
«Sétimo Céu» - por Rui Felício
O 61º Festival de Cannes exibiu o filme Sétimo Céu, do alemão Andreas Dresen que me fez reflectir sobre o amor.
De que tanto falamos, sem porém nunca o conseguirmos entender completamente. Ninguém se pode gabar de nunca ter amado. As paixões da adolescência que brotaram de nós, sem explicação, explodindo como verdadeiros vulcões, cortando-nos a vontade de comer, de estudar, de pensar noutras coisas para além daquele intenso desejo que nos despertou os sentidos, que nos fez bater descompassadamente o coração.
Quantas dessas paixões nos levaram a fazer sinceras juras de eterno amor, de antes desejar a morte à perda do ente amado? Quem de nós nunca disse que aquele era o amor para toda a vida? Mas depois, quantas dessas juras não quebrámos quando o entusiasmo inicial arrefeceu? Com a mesma convicção e facilidade com que antes as fizéramos? Ainda jovens, mas mais maduros, estabelecemos uma relação conjugal e convencemo-nos igualmente que ela, essa sim, seria para o resto da vida. Os frutos dessa relação, os nossos filhos, eram a prova da estabilidade, a prova do verdadeiro e tranquilo amor. Julgámos então ter apreendido o verdadeiro significado desse complexo sentimento. O tempo ia correndo, a idade avançando, a beleza física que proporcionava a atracção ia desaparecendo. A vida vivida em comum durante décadas provava-nos, aparentemente, que o amor é muito mais que o fogacho irreprimível da paixão.
Não! Não havia dúvidas! Na nossa sobranceira e sábia maturidade, achámos que finalmente tínhamos percebido que o amor era a interacção de sensibilidades, de compromissos, de estabilidade, de sedimentação de rotinas de vida. É certo que uma ou outra vez sentimos a tentação, a atracção por outra pessoa, mas racional e pragmaticamente achávamos que isso não passava de mero e condenável desejo carnal, que rapidamente se desvaneceria no conforto e na intimidade do lar onde, aí sim, pairava o verdadeiro amor. E afastávamos a tentação, dizendo para nós próprios que essas coisas são próprias dos jovens. Não acontecem aos mais velhos e experientes, calejados pela vida. E com idade para terem juízo...
Este filme mostra que não é assim... Só a nossa presunção nos leva a pensar que o amor não está sempre latente, que a qualquer momento pode romper a crosta protectora que construímos à nossa volta em obediência às convenções que nos regem. Este filme mostra como uma mulher quase sexagenária, mãe de família, sem qualquer razão para questionar o seu casamento de mais de 30 anos, subitamente, sem que nada o fizesse prever, se apaixonou por um homem de mais de 70 anos. Vivendo com ele momentos de intensa felicidade, de verdadeira paixão, ambos fazendo amor como se fossem adolescentes, sem vergonha dos seus corpos já velhos. Antes descobrindo neles a beleza e o fulgor da juventude. O amor é realmente eterno.
E não é apanágio da juventude. Mas continuo sem o saber explicar. E sem compreender porque está tanto tempo adormecido e, num ápice, se pode revelar em toda a sua pujança.
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»