19 abril 2010

Mais fome de ti


Ninguém escreveu ainda as palavras que consigam traduzir o que sinto por ti.

Sim, por ti.
Porque é que me olhas com esse sorriso malandro?
Por quem havia de ser?
Por quem mais sinto sede e fome, como se tivesse caminhado sedenta e faminta durante um tempo que me pareceu uma eternidade?
Sim, aos olhos dos deuses esse tempo não durou mais do que um instante. Mas para mim traduziu-se na eternidade. Num «para sempre», vivido aqui e agora.
O instante só faz sentido quando recordo o primeiro olhar com o qual me provocaste um arrepio na espinha, como se o mundo fizesse «pausa» e nada mais acontecesse em parte alguma.
Nesse momento, nesse preciso momento e instante, e agora (mais do que nunca) senti (e sinto) que um vazio no meu ser encontrava algo que o completa. Havia uma fome de amor (em mim) que encontrou (em ti) o espaço e o tempo certos. Diria mesmo, perfeitos.
Mais que perfeitos. Mais fome (e sede) de ti.
Por isso, hoje sento-me à máquina para te escrever e acalmar a sede e a fome. Guardo a esperança secreta da minha escrita ser (por ti) surpreendida e o meu pescoço (por ti) seja beijado.
Ninguém escreveu ainda as palavras que consigam traduzir o que sinto por ti.
Excepto eu.

Projecto Olhar a Palavra
Texto de Joana Sousa
Fotografia de João Paca

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