19 abril 2010

À primeira vista

Um olhar cristalino, um sentimento genuíno daqueles que julgamos perdidos quando a infância se despede.
Um olhar que nos impede de ignorar a mensagem por detrás, aquilo que a alma é capaz de revelar quando se permite espelhada sem reservas no lago tranquilo das emoções serenadas pelo tempo seu amante.
Um olhar que não se revela distante numa pose encenada, não se camufla numa visão mascarada por falsos pretextos, fracos contextos ou qualquer outra distracção desnecessária.
Um olhar que espelha uma memória conservada da emoção menos filtrada pelo processo de erosão que não acontece no coração (que só entende a liberdade) mas apenas na mente que reinventa a realidade ao sabor de caprichos do tempo que arrasta como uma brisa aleatória os detritos de uma história rabiscada numa folha de rascunho condicionada por meros factores circunstanciais.
Um desejo sem estímulos artificiais contido num beijo clandestino, apressado, que sela um pacto firmado no devir da confiança que um olhar pleno de esperança jamais consegue ocultar.

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