Chegou a casa cansado. Abriu a porta e entrou. Largou a pasta cor de caramelo e tirou o casaco, que pendurou sem cuidado. Fechou a porta. Pensou em gritar um cumprimento, um aviso da sua chegada. Decidira que entraria em casa de uma outra maneira, com outra disposição, mas não conseguira escolher a forma de o fazer e fê-lo como sempre fazia: amargo e contrariado, ainda que, conscientemente, não o assumisse (e preferisse o cansaço).
Parou, estranhando o silêncio. A casa parecia vazia. Parou dois passos para além da porta da rua, um passo para além da pasta no chão e do casaco no cabide. Rodou e voltou-se para trás.
Constatou que o seu casaco estava sozinho e a pasta também.
– Ana! – chamou, virando apenas a cabeça para o interior. Deu um passo e aproximou-se da porta. – Ana! – tornou a gritar, enquanto a mão se colava ao casaco. Agarrou-o. Olhou a pasta mas decidiu não lhe mexer. Levantou os olhos e tirou o casaco do cabide. Ouviu o silêncio da casa e abriu a porta.
“Tenho de ir comprar tabaco” justificou.
Saiu e fechou a porta atrás de si, sorrindo, decidido a começar a fumar.
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