Não acredito que a escrita nos queira dedicados por inteiro, depois nada tínhamos para escrever. Acredito, sim, que aos momentos a que nos chama, nos leva inteiros, pelos braços e pernas, pelo ar ou pelo chão; deixa-nos viver para nos cobrar a vida por letras; quer-nos dedicados à vida para ter o que nos cobrar. É como inspirar (viver) para expirar (escrever) e assim respiro (existo e sou). Falo pouco de mim, costumo perguntar-me mais, porque sei pouco de quem sou, de mim só sei como estou, às vezes nem bem sei onde, é um qualquer caminho que sobe, não sei a altura, não sei quanto falta, posso estar em qualquer medida de espaço e tempo. Sei que gostava que as palavras dessem a volta ao Mundo, uma espécie de abraço, mas não sei quantas linhas ainda terei que escrever para somar esses quilómetros todos, sei que as estou a escrever e que as estou a viver e que as que vivo me serão cobradas no papel, um amante exigente que todos os dias me entrega a outros braços para aprender novos beijos que lhe possa dar.
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Uma por dia tira a azia