Lembram-se da dúvida metódica (do inglês "mete dick") do Bruno? Pois continua...
Na secretária, o pacote de açúcar olhava para mim, com um lado rasgado com uma precisão impressionante. O número tentava-me e por cima deste estava a frase: "Um café à maneira". A seguir à palavra "café" estava uma chávena a piscar-me o olho, como que dizendo: "Liga"...
Hesitei ... e marquei:
"5802"
- Cristina, chegue aqui ao meu gabinete, se faz favor.
Tinha estado toda a manhã a rever o relatório de Cristina, a minha melhor colaboradora, com uma capacidade intelectual fora do comum (a média de 15 no curso de Gestão da Nova, falava por si).
Cristina tem cerca de um metro e meio e o corpo sem curvas é bastante magro, cadavérico. A pele dela é branca de branco, o cabelo curto em estilo francês e toda a fragilidade física dela faz-me lembrar a Anais Nin... ou será a Maria de Medeiros?!
Cristina nunca despertou em mim nenhuma sensação sexual, nem mesmo quando andava só de camiseiro e os bicos das pequenas mamas se deixavam ver entre os botões, ou por vezes se notavam na transparência do camiseiro.
- Bom dia - murmurou com tristeza.
Sentámo-nos na minha mesa redonda de quatro lugares, para debater o relatório. Passados 5 minutos, começa a chorar compulsivamente e encosta a cabeça ao meu peito.
Estava atónito, sem perceber, apenas com uma enorme sensação de superioridade e de poder. "Que filho da puta que sou" - pensei.
O Poder!
Perguntei-lhe o que se passava, e ela só chorava. Não sabia o que fazer nem o que deveria fazer! Perguntei e perguntei:
- O que se passa?
Ela levantou-se e frouxamente disse:
- Obrigado, desculpe, vou divorciar-me... - e saiu.
Fiquei só a pensar nesta cena bizarra e a primeira ideia que me veio à cabeça foi "Vou comê-la!"; a segunda, "que filho da puta que sou!"
Para afastar este pensamento desonesto, fui almoçar um pouco mais cedo.
Quando cheguei ao Saldanha Residence, numa mesa junto às fontes que jorram água desalmadamente, vi a Marla Singer!
Disparei uma interrogação para mim mesmo:
- Vou ter com ela?
Bruno
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