30 abril 2011
A posta que há cada vez mais histórias por contar
Horas
«Mulher deitada a fumar, com gatos»
Não é uma obra-prima mas tem a sua piada.
29 abril 2011
na tua boca
em movimentos suaves
que me relaxam
danço na tua língua
em movimentos ousados
que me excitam
Corpos e Almas
Perdidos e achados
O Amor é lindo!
Realmente é verdade ... o amor é lindo, mas a caça ao homem, também. As mulheres balançam entre estes dois conceitos e é uma dúvida existencial tão antiga como a evolução do sexo, desde a Idade da Pedra.
Todos os homens querem desesperadamente fazer sexo com mulheres. Nasceram com uma deficiência congénita chamada “microchispe” que os obriga, desde célula embrionária, a terem erecções e irem para a cama com todas as mulheres que puderem.
Antigamente, os homem para terem sexo, ou casavam ou iam às putas porque sexo antes do casamento era uma miragem e eles, coitados, tinham de seduzir o sogro, a sogra, as tias e o gato antes de chegar ao cerne da questão. A vida seguia um trilho estreito e rectilíneo onde, eventualmente, poderiam surgir linhas convergentes mas também paralelas.
Chamemos-lhe então o padrão da sociedade primitiva.
Agora, o quadro é ligeiramente diferente, a evolução social foi-se alterando devagarinho até chegarmos ao padrão da sociedade permissiva o que significa que se pode ter cama sempre que se queira e isto aplica-se, tanto a homens como mulheres.
- Casamento?
- O que tu queres, sei eu
- União de fato?
- Nem pensar, os fatos custam os olhos da cara e eu prefiro gastar a 3ª via
- Então como é?
- Vamos simular o IRS e depois logo se vê
É óbvio que ainda se encontram homens com padrão primitivo mas esses, quem é que os quer? São feios, chatos, fazem férias no Allgarve, usam meias ridículas, cuecas de gola alta e passam o tempo todo a chamar-nos “mori”.
Todos os homens atraentes, disponíveis, inteligentes e ricos estão felizes que nem uns touros no meio de uma manada de vacas.
Eu cá sou muito exigente ... o que me motiva é caçar um gajo e mantê-lo em cativeiro até ele parar de rugir com saudades da selva, nem que tenha de o açaimar e dar-lhe umas valentes doses de sexo à bruta, para ele perder a mania.
A sociedade protectora dos animais fica fodida e lança-me um Habeas Corpus?
E eu ralada, dou o caso como devoluto e mando-os a todos pastar.
Gaja do sec XXI é assim, quando caça por alimento ou desporto e descobre que afinal, ele não corresponde aos requisitos, está sempre a tempo de o devolver à selva e recomeçar a caçada.
Mudasti? – perguntarão vocês
E eu, que adoro Ice Tea mas sou uma gaja com formação clássica, limito-me a dizer:
Mutatis mutandis e mainada!
Coração
O Coração é uma moita nas Paixões, onde um homem, obsessivo, estremece até às bases, a arder...
O movimento, entre laços, o sangue, abismado, nu lume das linhas, se cose.
Onde uma lima faísca, entre as ilhas do meu próprio corpo, onde o astro é somente uma queimadura, um incêndio, algures, uma ilha, na rapidez das formas. Aceso completamente.
Ataca-me. Num lugar interno. Ata-me, em desvios florais de amores que dão à luz poemas, bálsamos, deleites de mel, da minha sobre a tua, língua, encontro.
O fluxo dele se desenreda, árduo, árduo, numa bolha que rebenta alta na porta, no âmago!
Carne rude, coberta de poros a ligar-me entre os arquipélagos que, me unem, que são EU!
O ilhéu, se transborda na frase. Pintando o ar. Calcinado a vermelho, louco, louco como um gás rutilante, que bombeia Deus onde eu começo...
in Nu Âmbar da Minha Escrita
28 abril 2011
A pena
Fez-se silêncio. Sepulcral. Assustador. E não aconteceu nada. Deixaram-no sentado, amarrado a uma cadeira com fita adesiva nos punhos e nos tornozelos, enquanto deixavam vagos os seus lugares no anfiteatro. A pena era, afinal, esta. A de conhecer os seus crimes e ser ignorado a seguir. O degredo.O anfiteatro tinha começado a esvaziar-se. Havia o silêncio a preenchê-lo, tanto o dele, de pasmo, quanto o das suas acusadoras, que abandonavam ordeiramente o local, conferindo a tudo aquilo uma aura cerimonial, de passos bem coordenados, de entendimentos, de um procedimento muito bem estudado. Quando se sentiu sozinho achou por bem manter-se silencioso, mas começou a agitar-se na cadeira, tentando enfraquecer a fita que o segurava. Mas o esforço era inglório. Quando mais se torcia, mais a fita parecia endurecer, sem dar qualquer folga. Havia já a dor no corpo e uma sensação de desespero. Não sabia onde estava, não sabia que dia era, não fazia qualquer ideia de quando (e se) alguém viria socorrê-lo.
Decidiu parar. Baixando a cabeça, para se recompôr de uma respiração mais agitada, aguçou a audição. Detectou passos, vindos de trás, do sítio por onde tinham entrado com ele inicialmente. Não conseguia ver. Gritou por ajuda e balançou-se na cadeira para fazer ainda mais barulho, mas o empenho foi tal que acabou por conseguir tombar, caindo de lado, desamparado. Alguém o ouviria, por certo. E os passos estavam mais próximos. Tombado no chão, e ainda por cima de costas para a porta, não conseguia ver quem se aproximava. Os passos tornaram-se mais lentos e eram novamente saltos. Era mulher.
"Acreditaste mesmo que fosse possível deixar-te ficar aqui, ou deixar-te ir sem que pagasses?", atirou-lhe, quase trocista. A face dele transformou-se da dôr em espanto. "Tu?". Era ela. De pé, ao lado dele, preso à cadeira com fita adesiva. Com saltos altos, saia e casaco, as mãos na cintura, e o cabelo solto. Olhava-o quase sem expressão. Ao baixar-se, frente a ele, flectiu as pernas e nesse misto de provocação, enquanto um dos seus joelhos tocava o chão, deixava-o ver a linha das coxas entre a saia, e dizia-lhe "Não acabou". Correram outras mulheres em direcção àquele palco e pegaram na cadeira, puseram-na direita, e cortaram-lhe as fitas. Tentou debater-se, mas era escusado. Perdeu os sentidos ao mesmo tempo que sentia uma agulhada forte. Tinha sido sedado.
Veio a si totalmente despido, o que, já de si, era uma vergonha. Os seus encantos, como se havia percebido no julgamento, não eram de natureza física, excepto talvez pelas características do seu toque, mas ninguém ali parecia ter interesse nisso, ou em ouvi-lo falar sobre sedução, amor e sexo. Já não existiam fitas adesivas a segurá-lo a uma cadeira. Nem sequer existia uma cadeira naquela cave. Parecia-lhe uma cave porque não vislumbrava janelas. Estava deitado no que lhe parecia ser uma marquesa. Preparava-se para tocar o chão com os pés quando pela porta entraram mulheres. De novo aquelas mulheres que tinham estado em frente a ele durante o julgamento. Com uma diferença assinalável. Muito assinalável. Estavam tão nuas quanto ele. E assim se percebia porque raio estava tão quente aquele espaço, numa altura do ano em que o frio impera. E, ainda sem certezas, desconfiava ele que a coisa ainda ia aquecer mais. Não estaria longe da verdade.
Aproximou-se de novo a mulher que parecia dirigir as hostilidades. Despojada das suas vestes, como todas as outras. Disse-lhes "segurem-no". "Eh lá, tenham lá..." e nem sequer acabou a frase, porque foi de imediato agarrado e vendado, forçado a deitar-se e silenciado com uma mão que lhe cobriu a boca enquanto ela lhe dizia para estar quieto, que era melhor para ele - e bem mais rápido - aceitar o facto de estar em clara desvantagem numérica. Deram-lhe a tomar comprimidos, e poucos instantes depois sentiu uma vulva pousar sobre a sua cara, enquanto outras humidades lhe tocavam as pernas e o pénis. Vendado e perturbado, tinha dificuldade em entender o que era o quê, mas havia poucas hipóteses. Sabia-se rodeado de mulheres nuas, era óbvio que a intenção delas era ter sexo com ele. Algum tipo de sexo. Fazê-lo pagar pela falta de sexo de que o tinham acusado. E, agora, num contexto de humilhação, num formato forçado, fazendo-o entender que a vontade delas imperava sobre a dele, e que nem sequer era dono e senhor do seu desejo, da sua anatomia e função eréctil. Elas queriam, e iam ter.
Durante horas foi feito objecto. Não sabe se foram todas, ou quem foram, as mulheres que se fizeram penetrar por ele, que se esfregaram no seu corpo, que o forçaram a cunnilingus contrafeitos. Houve orgasmos, por certo. Aos seus ouvidos chegaram muitos gemidos de prazer, e ele mesmo não conseguiu evitar os seus, em alguns momentos. Tudo aquilo era, no mínimo, sinistro. A junção da tortura com breves momentos de genuíno prazer, apesar da falta de controlo e da negação de algo que teria sido fundamental se aquele fosse um contexto consentido: a imagem.
Acordou sentado dentro do carro, com as portas abertas e a chave do carro dentro do bolso. Pegou-lhe e rodou-a na ignição para ver as horas. O relógio marcava 05:55, e era ainda noite muito fechada. Parecia-lhe ser o único no estacionamento e sentia-se perdido. Não sabia o que estava a fazer ali, só se lembrava de ter estado num jantar com colegas de trabalho, mas sentia-se muito cansado. Ao ajeitar-se no banco do carro sentiu os músculos extremamente tensos, e uma dôr imensa na genitália que lhe causou um apreciável esgar de sofrimento. E até movimentar a cabeça era terrível, tinha o pescoço extremamente dorido, a língua magoada e a cara como se tivesse sido passada com lixa. Levantou-se a custo para sair do carro e olhar à volta, tentar compôr a roupa que lhe estava a assentar mal. Esticar-se um pouco. Ao fazê-lo, veio em sua direcção uma senhora. Jovem e composta. Perguntou-lhe se estava bem. Respondeu-lhe que sim e disfarçou dizendo que procurava as chaves de casa, que lhe deviam ter caído por ali algures. Ela sorriu e disse-lhe "já procurou no porta-luvas?", e afastou-se, caminhando rápida sobre os seus saltos altos, com saia e casaco e os longos cabelos ao vento.
Nortear a Viagem
Nasceu ingénuo e afirmou a sua posição. Reclamou o seu lugar dentro de um coração armadurado já habituado ao cinzento que as cores manavam.
Os momentos inexpressivos vividos ontem, o olhar da Lua sem sorriso e o Sol apagado, frio, morto... de súbito esfumaram-se. Desapareceram. Extinguiram-se.
Sentia antes uma emoção neutra sem rumo, despreocupada como um barco à deriva que inquieta o seu Comandante pelo destino incerto, mas nada mais existe ali, de bom ou de mau, nada, absolutamente nada!
E de súbito... a célebre ilha no horizonte e o alento do desconhecido a pautar o caminho... O que não se conhece é receado apenas por quem norteia o trilho.
Nem sei como foi...
Apenas nasceu e quis acontecer, impondo e preenchendo o espaço. Deu destino à imensidão que o peito exigia dar.
«Stand up!»
A campanha promove a amizade entre os jovens, como forma de combater o bullying homofóbico.
27 abril 2011
A sentinela de papel
O poema mau
eu só desejo muito, tanto, muito, escrever
coisas tão simples, lençóis brancos tão simples
banais, despidos, sem adornos ou enfeites,
ou só o mero colchão onde tu me deites,
coisas que possam ser apenas em si
porque eu, meu amor, quero escrever-te, sim, a ti,
ignorando até quem me possa ler.
Ah, meu amor, eu quero lá saber
que um mundo inteiro consiga ou não perceber,
quero lá saber se é mau, se não interessa
se tem erros, vírgulas pobres, se a palavra tropeça
aqui e agora, hei-de escrever-te como uma criança
ela aprende a palavra, eu soletro-te, sim, a ti,
e juntas escreveremos as cartas; eu cresci
certa de existir tanto mais por te aprender.
Ah, meu amor, eu quero lá saber!
26 abril 2011
oh sãozita! a Beatriz voltou a fazer das suas
Intimidade
O Continente também vende objectos que é suposto não serem eróticos
E já cá mora, na sexão de «peças que não era suposto serem eróticas».
25 abril 2011
O 25 de Abril visto pela Kikas
kikas http://fuckytales.blogspot.com/ mandou esta em 25/04/2011 às 17h:57m: | |
Foi esta força viril de antes quebrar que torcer que em vinte e cinco de Abril Nos pôs todos a foder Passarolas voadoras Pirocas em sobressalto Os cravos até murcharam Cu’a fricSâo no asfalto Foi então que Abril abriu as portas da liberdade E o nosso corpo nasceu De um desejo sem idade ... |
O Rui também quis oder o 25 de Abril:
De tanto gostar de foder
Que em vinte e cinco de Abril
Nos pôs todos a gemer!
Passarinhas enrabadas...
Pilas em parada militar...
Tantas flores esmagadas
Por não se saber a quem dar!
Foi então que Abril fechou
Para mais uma época de saldos...
E a todos nos sentenciou
A muita broa e alguns caldos..."
Num referendo às partes, o sim tinha maioria absoluta
Viva o Dia da Liberdade!
________________________
O Rui ode-me... os flatos:
Com dois, uma inauguração...
Para fermento, come mais uma queijada
E peida-te, sem saberes quantos são!
Inebriante cu aureolado,
De flores frescas, rosas de cheiro...
De flato jovem e bem pasteurizado
Que perfuma a manhã com nevoeiro!
Oh! Que doces nádegas eu abraço,
Botão de rosa que nasce neste beijo!
Virgindade que possuo e desfaço
No amplexo viril de um desejo!"
24 abril 2011
Dos rendidos
«Sonho desfeito» - por Rui Felício
Tinha esperado aquela oportunidade, sem nunca revelar as suas intenções, planeara tudo em segredo, e agora que ela se lhe deparara, não a deixou escapar.
Olhou para ela e não resistiu. Enlaçou-a, cobriu-a, assumiu um ar triunfante, e pensou consigo mesmo que, finalmente, tinha alcançado os seus desejos dissimulados durante muito tempo.
Pertenciam ambos ao mesmo extracto, completavam-se, mas ela sempre se lhe tinha esgueirado, oculta, sem se mostrar, como enguia escorregadia.
Não que ele lhe fosse indiferente, bem pelo contrário! Achava-o sedutor, bonito, um cavalheiro. Mas receava que a víbora da madrasta, vinda de uma poderosa família que dominava por completo o seu pai, lhe cortasse o desejo que ela também secretamente tinha de se juntar a ele, desfazendo-lhes os planos.
E os seus medos não eram infundados! O idílio só demorou alguns instantes, porque a poderosa madrasta, a manilha de trunfo, desfez-lhes o sonho e apressou-se, com um murro na mesa, a cortar a vasa formada pela Dama de copas e coberta pelo Valete de copas, naquele jogo de sueca.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
23 abril 2011
4 CDs que comprei para a minha colecção
Desta vez, comprei estes 4 CDs pelas suas embalagens. Mas também há por ali muitas músicas (e letras) bem interessantes:
Hecate - «The Magick Of Female Ejaculation»
Editora: Zhark International, 1992
As músicas fazem-me lembrar uma carroça sem óleos nas rodas numa calçada de paralelos, mas a capa, o livrinho e o próprio CD têm gravuras japonesas bem entesantes (sim, sim, eu disse interessantes):
Ordo Rosarius Equilibrio & Spiritual Front - »Satyriasis - Somewhere Between Equilibrium And Nihilism»
Editora: Cold Meat Industry, 2005
A capa é bem discreta mas reparem bem. Para quem não vê ali nada de especial, deixo uma das páginas interiores do livrinho que vem com o CD.
Tem músicas muito interessantes, numa parceria entre dois grupos. Por exemplo, «Your Sex Is The Scar», «Three Is An Orgy, Four Is Forever», «The Pleasure Of Pain»,...
Ordo Rosarius Equilibrio - «O N A N I - [Practice Makes Perfect]»
Editora: Cold Meat Industry, 2009
Esta é uma edição especial, numa caixa com fotos, um livro e um DVD com um video excelente do primeiro tema do CD: «Glory to Thee, My Beloved Masturbator» (não é preciso traduzir, pois não?). Também há outros temas bem curiosos, como «Let Me Show You, All The Secrets Of The Torture Garden», «Too Late For Innocence, Too Late For Regret (Four Hands Please Better Than Two)», «C U M, And Let Me Lead You Far Astray»,...
Spiritual Front - «Armageddon Gigolo'»
Editora: [Trisol] Music Group GmbH, 2006
Se a capa é um espanto, a contracapa do livrinho que vem com o CD é... fantástica!
Gosto especialmente das faixas «Love Through Vaseline» e «No Kisses On The Mouth».
Silêncio
22 abril 2011
Nunca é demais lembrar...
E eu hei-de amar os teus fantasmas
21 abril 2011
«Nu Âmbar da Minha Escrita» - segundo livro de Luisa Demétrio Raposo
Partilha com os cibernautas um espaço na internet, o seu blog Vermelho Canalha, onde publica poemas, cartas e prosas poéticas e eróticas.
Já teve a sua poesia lida pela nossa voz de ouro, Luis Gaspar, no nº 49 da Poesia Erótica.
Comecei agora a deliciar-me com os malabarismos de palavras que a Luisa Raposo faz e deixo-vos pequenos recortes que fiz de vários poemas, até à página 31:
Carta de Adeus no Íntimo - "sinto o toque, a ardência, nas partes mais carnais da minha própria morte..." (pág. 12)
Visões da Poetisa - "Gozo, contigo, a minha inocência, apalpo as palavras por ti, aqui entornadas em soluços, e sussurros de prazer. Eu sou assim, eterna escoada de motivações, as tuas, num quente silêncio que te pensa. Que para ti escreve ardentes pensares na mudez aterradora das palavras..."(pág. 16)
Visões da Poetisa II - "Só tu podes tocar na minha narrativa, com o teu sangue grosso, de árduo gargalo..."(pág. 18)
Alentejo Duro - "Erectas as nuas espigas o meu horizonte alargam, entre as pontas naturalmente amarelas. A Espiga, que o meu corpo abotoa à beleza horizontal, tão, potentemente ardente como um sol" (pág. 22)
Comer Com a Boca - "(...) Poro com poro, no poro do poro, e sempre em rotação mó...
Canduras. Vermelhas correm no teu sangue, excitado, no tesão que em ti voa, passa, come, no orvalhado que sentes desafogadamente, o corpo tudo expõe. Tão agudo. Nos montes. Nu estendal, grave, tentas manter invisível, o suco rebarbativo, lascivo, que queima. Quase... Quase... Doendo!...
A língua, enrosca-se tendo por égide, um pénis, em adoração. Tétrica convulsão, após o último beijo, que de tão maduro...
Splash!...
Rotação!...
Profundidade!... Deus!...
(e o orgasmo é aparição)
A boca. Nervo a nervo, a sorver a matéria, encharcada e nua atè às pálpebras, num delírio, louco, que ensopa o tecto, o soalho, e as minhas devassas fantasias..." (pág. 26)
Preconceituz - "[Não existe Deus sem tesão] (...)
A febre é um cio faminto, onde o magro coabita abaixo dos sistemas ditos morais, onde o pecado corta os pés aos homens e o clitóris às mulheres..."(pág. 29)
Vergonha - "Tudo pode ser duro e o tudo se pode foder com nada. Depende apenas das fomes que cada um tem..." (pág. 31)
A revista C nº 11 está disponível online
E digam lá: a minha Matilde não fez uma bela capa de revista?
20 abril 2011
A posta apreensiva
Recebi um dos maiores chuveiros de humildade no dia em que percebi que uma mulher, uma paixão, preferia dedicar o seu tempo a um jogo de computador do que ao contacto comigo.
Julgava-me apelativo, interessante, arrebatador. Pura ilusão. Um simples computador bastou para me bater aos pontos no confronto directo e eu senti essa derrota como uma goleada em casa, como uma humilhação.
Claro que essa experiência apenas desnudou a minha arrogância, exposta ao ridículo perante os factos que evidenciaram, na altura, o deslumbramento excessivo que me permiti por me julgar capaz de conquistas como as do passado, esse sim, recheado de vitórias que me resta recordar com saudade mas com os pés bem assentes no chão.
Hoje o meu Glorioso joga na Luz com o Porto.
E eu decidi que não gosto nada de associações de ideias palermas.
Eu, piroca, também falo de temas da actualidade
Falso poema, poema em falso dos amantes
para entrar tiveste de sair, para voltar tens de ir
e eu fico aqui neste jogo convulsivo de ganhar-te
e perder-te.
Sobra-te roupa, pendura-se em ti como num cabide, parece-me,
deve ter ficado mais espessa entre nós,
de repente adensou e parece recortada de uma parede.
Não, não te afastes enquanto te debates contra as mangas,
eu esperneio contra o tempo,
esperneio contra as paredes de tecido até à nudez tua
e o tempo enrolado nelas;
acabas-me com o último instante,
o único, o mais efémero de todos; talvez seja o que traz à memória
dos constantemente incompletos um tempo embrionário
antes dos tempos,
um tempo em que não conheciam essa estranha falta de si,
talvez separação de si mesmos,
saudade e vazio de um braço, uma perna,
um qualquer órgão interno desconhecido.
Depois submergimos, cada um viaja na sua direcção,
fundo, cada vez mais fundo até que,
horas mais tarde, quando chega o momento do Sol,
encontramo-nos a meio caminho,
damos as mãos
e voltamos à tona juntos, acordamos juntos,
olhos nos olhos acabados de abrir.
19 abril 2011
Shooting Well #10
Fotografar Joana Well foi uma oportunidade assaz interessante. Foi, diria eu, também um salto de fé da parte dela. Poderia ter sido um desastre, e esse receio acompanhou-me sempre. Há quem comente, não sei se a brincar ou a sério, que uma sessão fotográfica tem de terminar em sexo. Há quem comente, não sei com que espírito, que a nudez tão próxima de uma mulher é garantia de excitação sexual. Fotografar Joana Well foi a antítese do sexo. O meu pensamento, naquelas duas, talvez três, horas em que estivemos naquele quarto de uma cidade portuguesa, esteve longe, muito longe do sexo. Nada em mim alguma vez se alterou. Lamento, mas nada entumesceu, nada tremeu. Apenas e só porque o peso sobre os meus ombros era muito grande. Eu sentia em mim a exigência de fazer aquela experiência valer a pena. Não só por mim, mas obviamente também pela confiança que a Joana Well havia depositado no meu olhar. A isso responde-se com respeito e com profissionalismo, mesmo que sejamos amadores.
Nunca tive, para esta sessão, a intenção de fotografar pornografia - e aqui sejamos objectivos e não apliquemos o conceito adaptado de pornografia que aqui reina. Nunca foi minha intenção plasmar aqui a vulva da Joana Well, as mamas da Joana Well, ou colocá-la aqui em poses de grande gratuitidade. A minha intenção foi sempre a de mostrar algo que tivesse beleza, tivesse pele, mas tivesse, sobretudo, classe. Algum tipo de classe. Quando me pareceu que isso não estava a ser lido assim, aborreci-me. Admito-o.
No conceito que levei comigo para aquele encontro, fotografias em poses estranhas (como a primeira), ou apenas um plano apertado das mãos, era algo perfeitamente normal e expectável. Fizeram-se muitas fotografias. A esmagadora maioria nunca verá a luz deste blog. Algumas das ideias ali exploradas pura e simplesmente não funcionaram. Por razões várias, de entre as quais talvez a minha inexperiência e a falta de algum material tenham sido das mais determinantes.
"Shooting Well" foi uma experiência de valor. Aprendi algumas coisas, espero, muito honestamente espero, que a Joana Well não tenha saído desta sessão defraudada, que não tenha sentido ter dado o corpo a uma falsa promessa, que as suas expectativas não tenham sido traídas. Eu estou-lhe grato. A ela, e ao homem-que-lhe-segurou-os-seios. E, é certo, estou também grato à São Rosas, que de algum modo, indirectamente, veio a criar condições para que isto acontecesse.
Eu saio disto satisfeito. Espero que vós, agora, também. Talvez um dia fotografe mais coisas (embora por agora esteja com vontade de fazer retrato, que é um tipo de foto de que gosto muito) e talvez um dia volte a colocar aqui as minhas tentativas de fazer com as fotografias aquilo que algumas pessoas dizem que consigo fazer com a escrita. Bondade vossa.
Que não seque o rio
Conjunto de bule e quatro chávenas
18 abril 2011
Há por aí algum gajo que consiga explicar à kikas?
kikas (a propósito disto)
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kikas: "Há dois episódios recentes que ainda me baralharam mais.
O primeiro aconteceu no meu prédio, onde mora um miúdo de 18 anos, estilo engatatão, educadíssimo e giro de cair pró lado. Cerca das 3 manhã acordo com vidros estilhaçados e uma grande algazarra, acontece que esse puto roubou a namorada a uma colega do liceu e ostensivamente levou a miúda a um bar onde desatou à marmelada em frente ao outro.
Depois da festarola o "encornado" não faz mainada ... faz-lhe uma visita surpresa e agarra-se à campaínha a chamar-lhe filho da puta e cabrão. Como ninguém lhe abre a porta, pega numa pedra e toca a partir o vidro da entrada.
Eu, que sou muito sensível a miúdos apaixonados e encornados, estive a conversar com o rapaz e ele, lavado em lágrimas, lá foi desabafando e perguntou se tinha de pagar o vidro. É claro que quem pagou foi a Cª de Seguros.
O segundo caso passou-se na Escola Secundária Bocage, onde uma rixa entre dois alunos por causa duma miúda causou um traumatismo craniano a um professor de Filosofia que tentou acabar com aquela zaragata passional.
Mas o que se passa com a miudagem do século XXI? Onde pára o Poliamor ou o SecondLove, estandartes afectivos contemporâneos que os paizinhos e as mãezinhas também, às claras ou às escuras, praticam alegramente? Será pedagógico ou terá um sentido inverso?
Eu acho que vou fazer um seguro multirriscos de responsabilidade civil para os meus 2 filhos e gostava muito que o Shark, que é expert neste ramo, me aconselhasse, tendo em conta a sua experiência profissional ou pessoal...
shark: "Não sei se o conceito de responsabilidade civil encaixa nas duas situações que descreves, Kikas, pois se no primeiro caso houve um acto de vandalismo deliberado e pelo qual só o próprio responde, não havendo lugar a qualquer tipo de indemnização no âmbito da RC, no segundo o dano é sofrido no contexto de uma perturbação da ordem pública e também este tipo de tumulto pode ser abrangido por cobertura própria e nunca pela RC que é - temos o seguro automóvel mais comum como exemplo - uma cobertura destinada a ressarcir terceiros por factos involuntários que possam ser imputados ao titular da apólice. No fundo é uma transmissão da responsabilidade para uma companhia de seguros, mas, atenção, por danos causados sem dolo...
Isto por miúdos: num caso e noutro, mesmo com seguro de RC, os responsáveis é que se baldavam à grande e os lesados iam receber ao totta se só estivesse em causa a responsabilidade civil.
Mas claro, esta é a minha interpretação da coisa..."
Joao: "Isso de um seguro de responsabilidade civil, efectivamente, não me parece nada mal pensado nos dias que correm."
De resto, em matérias de amor ou não, de jovens ou não, o que me parece que falta mesmo é educação."
São Rosas: "Eu acho que falta mais é «tomates»."
shark: "Tomates não seguro, seja a quem for. Excepto no âmbito de um seguro de colheitas. Mas dos grandes (o seguro, não os tomates)."
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