A mulher não me saiu da cabeça, nem o sotaque dela. Não lhe perguntei, mas supus que fosse polaca, não sei bem porquê. Tinha a cara muito arredondada, uns olhos verdes de cortar a respiração e era mais ou menos da minha altura, ou seja, tinha um metro e oitenta e tal.
Cerca de um quarto de hora depois, por uma enorme coincidência, tornei a passar pelo mesmo local. Ela ainda lá estava, mas desta vez com três homens a ajudarem-na a mudar o pneu do Fiat Punto. Passei mesmo perto e ouvia dizer insistentemente que não queria ajuda, mas os homens amontoava-se para ajudar e, na verdade, pareceu-me que competiam ferozmente entre si para ficar com o macaco.
Acho que os homens portugueses sofrem do síndrome da mulher da garrafa de gás, aquela polaca alta, loira, e gira que carregava uma garrafa de gás às costas numa publicidade à botija ultra leve da Galp. Não confundam, porque não estou a falar das figurinhas tristes que qualquer homem tuga faz quando conhece uma assombração dessas. Estou a falar do complexo de inferioridade que demonstra.
Como se já não bastasse um mulherão destes ser qualquer coisa de cortar a respiração, ainda por cima não precisa de ajuda para mudar o pneu do automóvel. Pior, diz-nos o mundo da publicidade que também não precisa de ajuda para carregar a garrafa de gás. Caraças, pá! Como é que um gajo estabelece contacto com uma mulher destas, se ela não precisa de nada?!
A única solução é ajudar na mesma, e entrar numa luta desenfreada por um macaco, uma chave inglesa em cruz e quatro porcas e parafusos. Se ela fica a olhar para nós com um ar de quem não nos compreende, problema dela.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»