Foi como voltar à adolescência, Senhor Doutor. A nítida frescura da pele dele e o genuíno sorriso que imprimia na cara incentivavam-me a rebolar pela humidade dos relvados da noite de Belém, preparada previamente de saia e sem cuecas, para o reconhecer explodindo em mim na pressa de não sermos apanhados.
Era a brincadeira contínua do duche quente em que nos ensaboávamos para ele remexer em todos os sentidos da minha cavidade, defendendo que assim ficaria bem lavadinha enquanto engolia as gotinhas de água que me escorriam dos mamilos para não se perder nada. Eu afiançava-lhe que precisava do duche mais próximo para me matar a sede e engolia-o como bebida isotónica, com a água a salpicar-me os cabelos enquanto lhe sopesava as recargas que depois serviam de fio dental.
Era a pressa de responder a mais um sms que marcava encontro num sítio recôndito da cidade, para onde partia aos pulos dançando em sapatos voadores, mesmo que fosse o escurinho do cinema, onde os beijos lânguidos e as mãos desassogadas e continuamente espalmadas na carne, por entre fechos e tecidos e lãs, impediam de apreciar condignamente a obra do realizador.
Mas, oh Senhor Doutor, eu não estava preparada para encarar as coisas de forma séria como quando ele se ofereceu para fazer uma vasectomia.