15 fevereiro 2013

Foz do rio Ser


No meu colo embalo tantas lágrimas
quanto as que correm naquele rio de águas mornas mas revoltas,
naquele leito doce mas de pedras afiadas
que arranham o pé mais inocente que a calca...
São espinhos como os das rosas de pétalas macias
ou como os dos catos e ouriços que temem o desconhecido...

Com os braços nas duas margens de lama e ervas daninhas,
baloiço esse sal que te escorre da alma
como cristais que se liquefazem em gotas de luz
e jorram uma chuva de açúcar sobre a minha pele salgada...
Recebo-te por fim com os lábios rubros já em flor
ondulas suavemente por entre montanhas de pinheiros e granito
até te ergueres decidido à boca de um azul celeste prestes a escurecer...
... estala o primeiro trovão... o vento canta mais forte... intensifica os graves...
É quando te entregas a esta foz que te dará um novo ser!