Verão de 1997... Uma banal procura de emprego foi o berço deste meu eu. Percorro as páginas do Correio da Manhã sem imaginar que alguns pedidos de colaboradoras, aparentemente iguais, escondiam a chave das portas das célebres "casas da Luz Vermelha". O que sabia eu deste Mundo alternativo? Rigorosamente nada, apenas o que imaginava e o que tinha visto em filmes, tão longe da realidade, estava completamente "verde"... Eheheheheh Ora, escolho um que me pareceu bastante interessante, para colaboradora de um clube em tempo parcial, referia também que a remuneração seria excelente; pareceu-me bem, toca a marcar o número. A voz feminina que me atende faz-me poucas perguntas, é simpática, quer saber a minha idade, a minha estatura, se conheço e sei como chegar à Av. Columbano Bordalo Pinheiro, se tenho experiência. À última questão, respondo que não, a voz ri-se, divertida e diz-me que o melhor é continuarmos pessoalmente a conversa. O riso devia ter-me intrigado mais mas, como é óbvio, os incautos intrigam-se com pouco. E lá me arranjei, apanhei o autocarro indicado, algumas paragens depois estou no destino. Ah! Mas tão ingénua que eu estava! Engano-me no número da porta e vou bater ao clube de recreação de uma Igreja, pareceu-me perfeitamente provável que ali fosse. Quem me atende explica-me (hoje entendo perfeitamente o olhar estranho da pessoa) que esse número de porta é mais abaixo, outro tipo de "clube recreativo" e eu sem entender os "sinais" mas já a achar toda aquela situação algo curiosa. Desço a rua, finalmente a porta certa, toco à campainha e... (Querem saber mais? Fiquem que eu vou contando, agora, com a distância de quase dois anos de reforma, parece-me ter chegado a hora e a coragem de contar toda a história, se não por mim, por quem por aí ande, pela informação que contém, pelas ilusões e desilusões, pelo bom e pelo mau... )