18 março 2005

Malboro Man

Recordo-o sempre, São, pela forma como inspirava profundamente o cigarro, pescoço e cabeça na almofada em ângulo recto com a cama. Tinha sempre cinzeiros nas mesinhas de cabeceira e um copo de água, para beber nas pausas como se fosse «Isostar». Chamava-me gueixa em atenção aos meus olhos amendoados e eu retribuía-lhe com descrições dos últimos livros lidos e comentários a um conhecido que era o nosso ódio de estimação.

Bem, São, esta parte era mais nas pausas porque eu gostava de fazer entradas no quarto ao som de uma música para dançar enquanto me despia devagar, peça a peça, para terminar voltando-lhe as nádegas e de cabeça a tocar no chão, deitar-lhe a língua de fora. Depois São, levantava o tronco e corria a agarrá-lo pelos colarinhos da camisa para o lamber do pescoço para a orelha, sussurando «Henry». Desabotova-lhe a camisa e os botões das calças enquanto sentia as suas mãos e língua a escorregarem do meu pescoço para os meus mamilos. E tomava-lhe o pénis já entumescido para descer a acariciá-lo com a boca, ouvindo os seus monossílabos guturais. Depois, ele erguia-me à altura da sua boca para um beijo lânguido e húmido, dizendo baixinho «Gueixa Anais» e mergulhava em mim, sôfrego no rebuçado do meu clitóris. Estendíamo-nos na cama como um pê e um dê minúsculos e absorvíamo-nos como se a água fosse faltar muitos dias sem parar, até que daquela dança mágica chovesse a alegria do nosso cansaço.

E claro que foi efémero São, como todos os doces da vida. Ele fumava Marlboro e eu, Camel, logo não podia resultar!

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