17 março 2005

Um conto ao desafio com o Jorge Costa (*1)

Então era assim, contado por um gajo que não conheço e que acho que nem era de Caria (*2):
- Ó X.co (*3) e Bete (*4), tenho uma "Gina" nova lá em casa que tirei do baú do meu pai.
- Ó Cruijff (*5), trázia (*6)!
E lá iam eles para a palheira da quinta do Conde de Caria (*7). Calças e cuecas (ou ceroulas, no Inverno) para baixo e sentavam-se nas tábuas ao pé da manjedoura. O mais difícil daquilo era escolher qual dos três ficava no meio... a segurar e a folhear a revista. É que a posição tinha vantagens (controlava o timing da sequência e podia até rebobinar quando a página seguinte se revelava menos interessante que a anterior) mas também tinha um inconveniente de peso: sobrava só uma mão para a pívia... ainda por cima tendo que intervalar para desfolhar a "Gina" (*8). Normalmente, ninguém queria ficar no meio.
- Ó X.co, muda lá de página que já estás nessa há que tempos!
- Agora não, caráis. Agora nãããããããããããããããããão... - e os outros respeitavam.
Estas revistas tinham um prazo de validade muito limitado. Não sei ainda porquê, mas começavam a ter as páginas coladas... ainda por cima nas imagens mais interessantes... e era assim que voltavam para os baús e gavetas dos pais e irmãos mais velhos (*9).
Bons tempos, caráis... (*10)
Isto foi uma mais-valia extraordinária relativamente aos que ao longo da vida só actuam e actuaram a solo.
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(*1) originalmente publicado no falecido blog "Abaixo o Chispe Viva o Iogurte".
(*2) eu sei que isto soa a processo da Casa Pia, mas éramos, digo, os gajos eram novos, caráis.
(*3) para não comprometer o Chico Padeiro, temos que esconder-lhe a identidade e chamar-lhe X.co ("Xisco") nos autos.
(*4) idem para o Betes (ninguém irá adivinhar que Bete é o Betes).
(*5) neste caso não é preciso alterar o nome porque ninguém sabe quem é o Cruijff!
(*6) não vou escrever "trá-la" se se dizia trázia, caráis.
(*7) pois... não eram de Caria mas iam para lá... a pé... era uma promessa... e Fátima era demasiado longe...
(*8) neste caso, porque havia também as "Tânia", umas pequenitas que se escondiam muito bem ("Weekend Sex"), às vezes vinham de França outros títulos bem esgalhados e, quando havia carestia destas, Playboys, Penthouses e similares também marchavam.
(*9) obviamente, era tudo tão bem feito que nunca os pais e irmãos mais velhos descobriram o que se passava... nem é agora, ao fim destes anos todos, que os tapadinhos vão perceber, caráis!
(*10) o que estás a fazer aqui em baixo, caráis? Volta lá para cima, para leres o fim da história, caráis!

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