Oh Manela, tu bem sabes que não nutro essa tua atracção às fardas e que cada vez que vejo uma, ponho-lhe logo um xis na testa. Nem percebo se são altos, baixos, magros ou gordos, apetecíveis ou repulsivos. Apesar de saber que foram os militares que fizeram o 25 de Abril e nesses dias em que eles encheram as ruas ter caminhado de caderninho de mão a coleccionar os seus autógrafos. Se calhar Manela, tenho um trauma com as fardas enquanto símbolo de autoridade, não achas?...
Mas no caso dele, despertou-me a atenção ter religiosamente, todas as sextas-feiras, o «Inimigo Público» debaixo do braço. Um dia, fingi não ter isqueiro e pedi-lhe lume ali no balcão do café. Abriu a pasta atafulhada de livros e de fato de treino, à procura do dito, para acabar por o encontrar no bolsinho pequeno das calças. Conversa puxa conversa, ele gostava de ler Lobo Antunes, José Luís Peixoto e até Al Berto. E Manela, tinha os músculos todos no sítio, sem serem espampanantes. As calças de ganga, Manela, são as nossas melhores amigas para nos mostrarem os contornos dos volumes e as formas dos rabos dos gajos, não é?...
Confessou que era sargento, habitualmente caladito na messe dos oficiais às segundas feiras, a não ser que o tema fosse gajas. E tinha umas mãos longas e o cabelo curtito e espetado como o pelo macio de um gato eriçado. E depois Manela, medi-lhe o polegar e deixei que me arrastasse para sua casa, para avaliar as munições e as armas da ocidental praia lusitana.
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Uma por dia tira a azia