10 abril 2005

Cabo Espichel

Naquele vento telúrico do Cabo Espichel, muito agarrado a mim, ele desabou o peso de suster a família e os problemas da mãe e dos irmãos e do cão. Mergulhei naqueles olhos negros fundos para sossegar o menino assustado que lá morava esforçando-me a esticar muito os braços, para lhe desenhar círculos no cabelo.
Puxei-o para as arcadas do velho convento e deixei que me encostasse à parede para sentir todo o peso e calor do seu corpo almofadado num blusão. Os seus beijos lânguidos e demorados faziam-me desejar desnudar o seu peito para descobrir os pelitos e lambê-los em sentido contrário até atingir o pescoço. Mas o caraças da t-shirt não ajudava nada e não era a hora mais indicada para lhe lembrar que uma camisa é muito mais fácil de abrir.
Vai daí e vendo a noite a baixar no horizonte, reclamei do vento e sugeri o quentinho do Opel. Entrámos no automóvel e em uníssono reclinámos os assentos. Ele abriu de par em par as molas dos meus casacos e fez os meus mamilos saltar do sutiã magenta para os seus lábios enquanto os meus dedos se debatiam com a fivela do cinto. Os vidros começavam a embaciar quando desabotoei o último botão dos boxers da Disney e os dedos esguios daquele moreno escorregavam em mim como folhas num escorrega aquático. Desci a minha língua ao seu umbigo, contornando a pirâmide que guardava na minha mão esquerda, para percorrer para baixo e para cima o vale entre os dois montinhos e voltar para abocanhar a cereja no topo do bolo.

Depois foi o ranger das molas numa desfilada de valquírias, presa na intensidade daqueles olhos pretos, até libertar um grito acompanhado de uma chuva de estrelinhas nos olhinhos como se tivesse fumado um charro. E continuaram os planos longos até eu me convencer que ecologicamente, eu não alinho em vícios.

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