23 abril 2005
O beijo
Lado a lado.
Ela olhava fixamente os lábios dele.
Duas linhas cerradas naquele momento.
Estendeu a mão.
Com a ponta do indicador contornou-lhe o lábio superior como se o desenhasse com o dedo.
Parou a meio, na concavidade que se forma acima do lábio.
Descendo o dedo tocou os dois lábios.
Sentiu as pequenas linhas que se cruzavam, se juntavam e separavam.
Nos lábios dele.
Na boca dele.
Aproximou o rosto.
Com a língua tocou-lhe os lábios.
Molhou-os de saliva e a saliva foi cola que colou as duas bocas.
E a língua descerrou as linhas.
E na língua dele disse todas as palavras de amor.
E na boca dele respirou.
Encandescente
Isto fez lembrar algo ao OnanistÉlico:
As letras todas num desenho meu,
decalque dum embaciado espelho que beijei.
Gosto-me assim em ti, nos teus lábios meus.
(é isto um beijo? se não o vejo? como sentir-te-lhe-me?)
Escrito nas páginas seladas numa boca; viram-se as folhas com os lábios em verso; são as nossas línguas um livro...
(agora que leio, sinto o que vi... beijo)
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Uma por dia tira a azia