Num autocarro, em Lisboa, vou mais de 39 minutos ao lado de uma belíssima mulher - mais adjectivação é desnecessária e seria, sempre, redutora.
39 minutos a pensar, a reflectir, a questionar.
39 minutos a agravar uma úlcera (se a tivesse), com palpitações (se as sentisse).
39 minutos de angústia, de dúvida, de embaraço.
39 minutos a perscrutar os insondáveis caminhos do Senhor (se fosse crente).
39 minutos de desejo, de esperança, de devaneios.
39 minutos de olha, não olha; fala, não fala; sorri, não sorri.
39 minutos de cálculos, de considerações, de especulação.
E, um minuto depois de ela sair, a dúvida sufoca-me e já estou arrependido, para a vida!, de nunca vir a desatar o nó que se me formou na garganta:
Que roçou roçou. Agora se se roçou ou se apenas roçou... Aí é que está o cerne, o fulcro, o busílis da questão.
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Uma por dia tira a azia