02 maio 2005

O teu corpo

 Konrad Gös


Encostou-se à parede.
No outro lado do telefone. Noutra paisagem. Noutro quarto.
Ela.

Fechou os olhos.
Queria os olhos nus de si. Queria nos olhos o corpo dela.
Queria no corpo o corpo dela.
Ser o corpo dela:
- Queria sentir o que sentes. Ter o teu corpo. Só assim saberia do teu corpo agora.
- Eu guio a tua mão.
E a voz dela agarrou-lhe a mão.

E a voz guiou-o.

Olhos fechados. Nu.
Tocou o peito desejando os seios dela.
Apertou os mamilos provocando nele a dor ligeira que provocava nela.
Tocou o ventre desejando anular a pele. Ser pele dela.

A voz guiou-o.

Apertou as pernas. Prendeu o sexo duro entre as coxas.
Desejando ser o sexo dela.
Desejando, ao contrair as coxas, ao apertar o sexo, sentir o que ela sentia quando no sexo dela o apertava e se contraía e o contraía.
Sentia, nu, encostado à parede o sexo palpitante.
Disse:
- Queria dar-te o meu sexo. O meu corpo. Nos olhos só tenho o teu.

A voz guiou-o.
E o orgasmo era ela.

(Escrever no masculino, foi o desafio que a Maria me lançou. Aceitei-o.A ideia original foi do Nikonman )
Foto: Konrad Gös

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