Até que podia tornar-me modelo e casar-me com um jogador de futebol mas como o chico- espertismo nacional dignifica os proxenetas, vou vender-me às evidências, Sãozinha, e mal seja legalizada a prostituição vou montar uma casa de meninos, com catálogo, livro de reclamações e tudo.
Com tanto desemprego que por aí vai não me hão-de faltar roliços loirinhos, potentes morenos e espadaúdos de qualquer nacionalidade para enfeitar as montras em grande estilo e agradar às mulheres com dinheiro deste país. Bem sei que o investimento será maior do que o de uma casa de meninas que para as mulheres não basta a visão do produto propriamente dito e aqui vai disto, porém julgo que uns quantos quartos temáticos como o massagista das mãos de ouro, o cabeleireiro do secador sempre-em-pé, mecânica do ponto G, bastão até partir, na cama com claquette e até para as mais românticas, missionação à lareira, cumprirão com qualidade as funções que lhes serão confiadas.
Os rapazes até podem pensar que não nasceram para isto e que não são nenhuma máquina de fazer sexo para estarem a toda a hora e a todo o minuto com o pau levantado e a língua em riste, mas penso poder contornar essa questão incluindo nas regulares consultas andrológicas e análises de sangue, uma palpação psicológica que os apoie tanto como o meu psi me apoia a mim. E como qualquer manager de futebol, pugnarei para que seja considerada uma profissão de desgaste rápido.
Quanto ao resto, continuarei a pagar os meus impostos mas estarei mais nivelada com os detentores de cargos públicos porque, em boa verdade, Sãozinha, não estarei também a gerir um serviço público que garantirá o aumento de receitas do Estado?
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