E agora voltas,
como noutros tempos, em que eu não era eu...
( tu és sempre tu)
Eu era peixe, e tu pescador
comigo na rede, pediste-me as guelras
que me ensinavas a respirar;
quiseste-me por momentos,
momentos depois, atiraste-me ao mar,
e eu já tinha pulmões, viste-me sufocar.
E agora voltas
como noutras vidas , em que outra era eu...
(tu és sempre tu)
Eu era sereia; tu, do meu mar, eras imperador
comigo na nau, pediste-me as barbatanas
que me ensinavas a andar;
amaste-me por instantes,
instantes depois, atiraste-me ao mar
e eu já tinha pernas, viste-me afogar.
E agora voltas
como noutros palcos, outro papel meu...
(tu és sempre tu)
Eu sou eu, e tu Rei, Mestre, Senhor;
mas agora eu tenho pulmões e guelras,
e eu agora tenho barbatanas e pernas
que trouxe de todas as mortes,
mortes depois, bebi-te o mar
para, em mim, te inundar.
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Uma por dia tira a azia