19 janeiro 2010

Livro de Eros (Fragmentos)

por Casimiro de Brito


412
Como conciliar estas duas plantas que se cruzam no meu corpo? Um sexo libertino e um coração de mulher. Talvez se assemelhem mais do que parecem.

430
Que te apareceu a período? Coisa linda, a púrpura! Para mim, quando a mulher que está comigo é naturalmente louca, é como se estivesse num atelier de pintura. Pois não coisa mais linda do que penetrá-la quando o escarlate a visita! O menino encharcado de vermelho e depois a pincelar uns seios gloriosos e depois a abraçarem-se e a ficarem marcados pelo mesmo sangue! Coisa de deuses!

448
Quando te disse que, de ti amava tudo e tudo queria, pensei numa certa arrogância, numa certa perversidade, na beleza do sujo, que por isso não é sujo, como poderias tu pensar que jamais me sentiria ferido, que tudo seria “belo e bom”! e no entanto começaste a ferir-me com os teus lábios-rosa, mais e mais, e essa verdade tão desejada transformou-se num vício, num dos caminhos preferidos de “eros”, meu senhor e infiel servidor.

469
Há sumos exóticos num tornozelo ou numa axila que não pressentias nesse tempo em que tudo se concentrava na fenda nem sempre amável.









Fotos de Jacek Pomykalski

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