Já não consigo ver; quero agarrar,
não consigo; esticar os braços
e só tocar em parte incerta. Andar
mais ainda, cada vez mais passos
e nenhum destes degraus parece baixar
e eu sozinha, sozinha nesses espaços
entre pedras, entre areias. Sei chorar
mas até as lágrimas já saem aos pedaços,
sólidas, lágrimas em grão; ainda sei quebrar
mas até as dores já me abandonam em versos,
serenas, dores em pó; e eu ainda sei gritar
mas até os gritos já não são como os vossos,
são mansos, gritos sem tom. Quis cegar,
defender-me dos meus olhos tão falsos,
tão falsos que me queriam fazer acreditar
somente em nós, nunca em laços.
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Uma por dia tira a azia