Um instante de areia passa-me entre dedos.
Eu, tão pequena, tão quieta, que posso eu fazer?
Apenas deixar cair, silencioso, esse grão que um dia te vi no olhar. E o agora, o agora tão vazio.
Mas, ontem, ontem aqui ficou,
a morar, escondido, entre os meus dedos, nas minhas mãos de pele tua, nos meus olhares de pedidos simples, no eclipse que já foste tu, entre os meus braços.
Lá fora, o vento e o lago continuam. Só um silêncio de ternura se perdeu, só um caminho tacteado em ti, na tua cor, nos teus ombros. Mas o mapa, o mapa ficou; a memória de ti, aos meus dedos, é uma ardósia, olha as manchas de giz; a memória de ti, aos meus medos, é um grito, olha os rasgões do eco.
Descobrimos a eternidade nas despedidas. Tantas palavras, tantas vezes e tudo o que dizemos - afinal - é adeus.
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Uma por dia tira a azia