(continuação)
por Charlie
...rompia em lágrimas e fogueiras de ciúmes que ele jamais lhe havia demonstrado...
Com um sorriso no rosto dobrou a esquina inferior da rua onde morava.
Vindo por aquele caminho, a subida era mais íngreme e custosa, mas ele sentia-se hoje dono duma euforia que fazia dele a leveza duma ave.
O peso dos sacos de plástico do supermercado sorria-lhe nas mãos, perante o pensamento que trazia nela. Como ele a amava!
Dentro de si conscientemente afastava a imagem de vê-la nua nos braços de outros homens que lhe compravam o corpo, a quem ela entregava os lábios, com quem ela fundia as carnes e prazeres. Para ele, para a sua interioridade construída, fingia que ela tinha um emprego qualquer com um horário imprevisível, irregular. Afastava todos os pensamentos que o magoavam nas horas de desespero em que a verdade, tão habilmente maquilhada com eufemismos e enganos, rompia em lágrimas e fogueiras de ciúmes que ele jamais lhe havia demonstrado
Mas hoje sentia que ela teria o dia livre e assim, depois de ter feito uns pagamentos, regressara a casa. Mansamente deslocara-se ao quarto e, sem fazer nem o ruído dum alfinete a cair no chão, detivera-se largos minutos a olhar para ela.
Gostava tanto daquela mulher. Tê-la a dormir na sua cama, saborear o gosto da sua pele, sentir a sua feminilidade, era o seu sonho realizado….
Inspirara fundo e regressara à sala. Pegara num papel e lápis e com letras grandes deixara um recado ao canto da mesa de forma a que ela a pudesse ver se porventura pensasse em sair.
Saíra depois com um largo sorriso a antever a cara de surpresa que ela faria quando ele lhe pusesse o pitéu à sua frente quando estivesse sentada à mesa.
Já no Supermercado comprara os camarões, a carne seleccionada, os demais ingredientes, condimentos, alguns acessórios e duas garrafas de vinho verde.
Agora de regresso planeava como tudo decorreria. Faria o almoço com o prato que ela tanto gostava, e só o antever-lhe a cara de satisfação enchia-o de gozo e leveza.
Sem que ele desse por isso, uma erecção ia-o tomando à medida que antevia o seu sorriso e a mão dela posta por cima da dele, nas ocasiões em que ela toda em brilhos de olhar lhe dizia quanto era bom que ele existisse na sua vida, e o beijava e mergulhavam um no outro; os corpos no Éden em que ele sentia que toda a sua alma e corpo lhe pertenciam.
Olhou distraidamente para a rua vazia despertando do seu sonhar ao som do ronronar doce do carro que a descia sem pressas e pôs a chave à porta. Olhou para o relógio após ter pousado momentaneamente os sacos no chão do hall de entrada. Era quase uma da tarde e ela tinha-lhe pedido para ser acordada perto da uma.
Em cima da mesa ainda estava o papel com o recado que lhe tinha deixado. Foi até ao quarto e chamou-a ainda antes de abrir a porta.
Espreitou.
Estava vazia. Talvez tivesse ido tomar outro duche.
Apressou o passo voltando a chamar enquanto abria a porta da casa de banho.
Ninguém...
Voltou novamente para a porta da rua franqueando-a à luz forte do dia.
Espreitou para o lado de cima da rua, semicerrando os olhos: Vazia!
Olhou depois para baixo.
Ninguém.
Lá ao fundo, de onde ele há poucos minutos viera subindo para casa, apenas um Mercedes cor de prata dobrava a esquina...
(continua)
Charlie
Belo conto Charlie, caga lá no mercedes e vai tratar de confeccionar a preceito o tal petisco. Não tarda tens aí a mocinha, e vais ver, ela vem esgalgada de fome.
ResponderEliminar;-)
ResponderEliminarQuis o destino que eu viesse espreitar e tivesse encontrado a continuação desta história, que está a prender-me... Cada vez que publicares, avisa-me (não vá falhar-me...)
Charlie, vai por mim: caga lá nos camarões (que para saír o cheiro das mãos...), carne seleccionada (só pode ser a dela, meu bom amigo) e guarda lá as garrafas de verde prás visitas...Dá um bom espumante à menina (que é altamente afrodisiaco...) acompanhado de umas costelinhas de leitão à Bairrada e termina com umas profiteroles de chocolate fresquinhas...Um malte por cima, uma passagem discreta pela casa de banho para tirar os cheiros do corpo e das partes baixas (que lavadinho, tem outro gosto...) e depois sussura com os lábios, com as mãos, com a língua...e depois conta-me !Isso de vinho verde e camarões é para a classe média,prós piqueniques...
ResponderEliminarAi ai...estes meninos. Tanto faz o senhor Bartolomeu como o senhor Zé. Ressalva para a Anani. Ve-se logo que é uma mulher. Ressai de imediato a sua sensibilidade e apuro.
ResponderEliminarEste Charlie sabe prender os leitores sim. E o desgraçado está mesmo perdido por ela.
O que sairá daqui? Uma cena de faca e alguidar?
Espero não perder um episódio.
Charlie. No próximo que publicares põe uns links para os capítulos anteriores. Valeu?
Charlie, já conseguiste cativar clientela fiel ;-)
ResponderEliminarEstou a ver que sim São. Obrigado a todos e todas que fazem o favor de perder o vosso tempo precioso para ler-me.
ResponderEliminarGuida, eu passarei a colocar os links que pedes, obrigado também e uma joka.
Quanto aos meus colegas de blogue, o Zé e o Bartolomeu; Vocês são mesmo uns gajos de partir a moca a rir.:D
E reservo um comentário para a Anani que tem um blogue bem guloso e que recomendo a todos.
ResponderEliminarMinha querida: muito obrigado e um beijão. ;D