06 maio 2007

Lua cheia


Com a cabeça a mil e os pés a flutuar entrei em casa e até aquela coisa que espirra para perfumar o ambiente tinha uma fragância muito mais agradável do que era vulgar. Pousei na mesinha de cabeceira o telemóvel que atenciosamente me faz o serviço despertar e atirei-me vestida para a cama a rever no branco do tecto as últimas cenas.

O telemóvel piou e li a sms dele a cotar a noite como inesquecível, que é um daqueles adjectivos que põe logo uma gaja com arrepios espinha abaixo e uma languidez que arqueia a coluna e projecta as mamas para a frente. Repliquei de imediato que ainda estava num estado de boas vibrações que me impedia de adormecer. Acto contínuo, respondeu-me que tocar a energia dos outros excita e aquele ponto e vírgula junto ao parêntesis direito impulsionaram-me uma ligeira abertura de coxas como se a proximidade do seu joelho a tal obrigasse. Avancei que ao contrariarmos o calendário lunar para fazer lua cheia naquele dia poderíamos ser punidos com um luar contínuo. Como num terceiro round, ele despachava um firme e seguro requisito de repetir a experiência para validar cientificamente as conclusões válidas e eu digitava com o aparelhinho aconchegado em ambas as mãos à altura dos olhos que era só agendar a data de pesquisa.

Respirei fundo a reconhecer a penetração e o estremecimento de cada molécula de oxigénio em cada poro de mim e sabendo que tínhamos ido juntos ver um filme e entremeado as suas cenas nas garfadas do jantar subsequente, convenci-me ainda mais que gosto é de preliminares.

Maria Árvore
________________________________________________
E o OrCa nem precisa de lua cheia para oder:
"ode laudatória à maria-árvore:

com que desvelo desvelo
da árvore-maria os parágrafos três
numa razia que ouriça o pêlo
se te enovelas no que ali lês

são três parágrafos duma assentada
e em cada um - iluminada
cria o enredo em que te enreda
e que te leva do ventre ao beijo
no corpo todo
onde o decoro espanta o medo
e faz-se a cor e o outro modo
o do desejo..."

11 comentários:

  1. Quem não adooooooora preliminares?... Hmmm...

    ResponderEliminar
  2. ode laudatória à maria-árvore:

    com que desvelo desvelo
    da árvore-maria os parágrafos três
    numa razia que ouriça o pêlo
    se te enovelas no que ali lês

    são três parágrafos duma assentada
    e em cada um - iluminada
    cria o enredo em que te enreda
    e que te leva do ventre ao beijo
    no corpo todo
    onde o decoro espanta o medo
    e faz-se a cor e o outro modo
    o do desejo...

    ResponderEliminar
  3. O que vale é que 2ª feira já se vêm de novo os bonecos!

    ResponderEliminar
  4. Loooooooooooooooooooooooooooool
    Bonecos? Cais onde? Segunda? Fogo é domingo e ainda na chegou a neura da tarde. Keta Sãozinha. A Ode tá bela ahahahahaha

    Vós dais-me cabo da placa e dos maxilares, cum raio.

    Bom fds

    ResponderEliminar
  5. Os bonecos dos comentários, Cris. É que isto tem andado uma... Cris :-)

    ResponderEliminar
  6. Anónimo6/5/07 20:47

    Os telemóveis são uma excelente invenção!

    E não é propriamente por vibrarem...

    (agoram imaginem aqui aqueles bonecos do costume... sobretudo o anjinho!)

    ResponderEliminar
  7. É nessas situações que se fala em anjinho papudo!
    (amanhã hei-de pôr aqui o boneco do diabo)

    ResponderEliminar
  8. "Avancei que ao contrariarmos o calendário lunar para fazer lua cheia naquele dia poderíamos ser punidos com um luar contínuo."
    Cheira-me que este post è uma viagem ao passado, recordaste uma noite com o Stau Monteiro, inspiraste-o para a obra "Hoje Ha Luar", depois aquela coisa do Gomes Freire de Andrade foi só para baralhar. Vocês estiveram foi a noite toda no Bogio a... pois isso, a meter o joelho por entre as côxas, ou mais...ou nem tanto.

    ResponderEliminar
  9. Se o dizes, deve ter sido mesmo assim...

    ResponderEliminar
  10. Lol Paulo isto tá de gritos. Assim acordo bem disposta, não haja dúvida.

    Vejamos anjinhos papudos é fixe. Agora na tou a ver a coxa no joelho. Era yôga?

    ResponderEliminar
  11. Anónimo7/5/07 21:15

    Não ! Pura imaginaSão ! De poetas, +obviamente...Se fosse yoga o dedo grande do pé devia estar metido em algum orifício mal protegido...

    ResponderEliminar

Uma por dia tira a azia