Quando se tornou a deitar já não a abraçou.
– O que foi?
– Parecia que a torneira estava a pingar – respondeu.
Ela sentiu as costas dele encostarem-se às suas.
– Não me querias abraçar?
– Porquê?
– Deitaste-te de costas…
– Deitei-me de lado – corrigiu.
– Não é isso, deitaste-te de costas para mim. – Não havia censura na voz dela, apenas um ligeiro travo de resignação. – Não me querias abraçar?
– Queria…
– Já não queres?
Ele pensou em virar-se e abraça-la para que a conversa pudesse terminar, mas como se deitara assim por acaso, ou melhor, não por acaso, mas não pela razão que ela supunha, decidiu que se a abraçasse agora, de imediato, estaria a dar-lhe razão. Não lhe apetecia. Deixou-se ficar e respondeu:
– Quero.
Ela esperou que ele se virasse. Ele ficou quieto.
Ela continuou à espera de um gesto, de um movimento ou de um som. Nada.
Ele ficou à espera que ela falasse.
Como se costuma escrever, e eu não arranjo maneira melhor de o fazer: Passaram-se segundos que pareceram minutos, minutos que pareceram horas – na verdade, cerca de dois minutos que pareceram uma hora e tal, se somarmos as meias horas de cada um.
Ele pensava na vizinha do sexto direito e no panconas do marido, que bem merecia um jardim florido na testa.
Ela pensava na máquina de roupa que tinha de estender logo que se levantasse, no ensurdecedor silêncio dele (ela lia muito) e em esticar o cabelo no dia seguinte quando saísse do trabalho.
– Ninguém diria – comentou ela, baixinho.
– O quê?
– Que ainda me queres abraçar.
– Eu quero, mas…
– Mas?
Nenhum dos dois se mexia, nem alterava o tom ou o volume da voz. Falavam com uma civilidade a roçar a indiferença.
– Mas, se te abraçar – continuou ele –, tenho uma erecção.
– Ai é?! E… – Ela hesitou e recomeçou usando uma frase dele: – E porque é que havias de cometer esse erro?
Ele sorriu, reconhecendo a frase. A sua frase.
– Estás tão sedosa e cheiras tão bem, que não me aguento. Ele responde ao calor e suavidade das tuas nádegas, e eu não consigo fazer nada…
– E queres? – Ela encostou-se mais a ele.
– O quê? – Ele pousou a mão na anca nua dela.
– Fazer alguma coisa? – sussurrou ela, sentindo-lhe a mão a acariciar a anca e depois a nádega.
Ele virou-se. Encostou-se e roçou o sexo entre as nádegas dela. Abraçou-a, acariciando-lhe a anca com a mão esquerda e apalpando levemente o seio esquerdo com a outra mão.
– Queremos!
«O panconas do marido»...
ResponderEliminarSão todos, Garfanho!
ahahahahahahahahah
E tu achas mesmo que uma mulher, depois de perguntar "Não me querias abraçar?" fica mesmo a pensar na máquina de roupa que tem para estender?
ResponderEliminarEu não devo ser mesmo uma mulher normal... porque nunca seria nisso que eu pensaria!!!
Garfanho, o homem que escreve sobre fodas esquisitas! :)
ResponderEliminarfodas esquisitas? esta foda é exemplificativa de muitas que se desenrolam nos nossos lares.
ResponderEliminarEsquisita ou - prefiro dizer -diferente seria ir foder para cima da máquina de lavar ou "sentindo-lhe a mão a acariciar a anca e depois a penetrar, afastando-lhe a nádega.
Ele virou-se. Encostou-se e roçou o nariz no sexo dela. Lambeu-a, acariciando-lhe a mama com a mão esquerda e penetrando-a levemente o cu com a outra mão."
Máquina de lavar o quê? Roupa ou loiça? É que há diferenças...
ResponderEliminarIsto que descreves é que é uma foda esquisita ou, como preferes e eu também, diferente????
Ai, que o mundo anda mal....
Excelente blog!
ResponderEliminarSaudações do Brasil!
Grande abraço,
Rogerio
Ai matahary diz aí ao bruno que a maioria das fodas nos lares são mesmo esquisitas... e não tou a falar dos lares da 3ª idade... eheheheh
ResponderEliminarAhhhh diz-lhe também para descrever uma foda normal, já agora... ihihihihihih
Bem...uma foda...normal...a bem dizer...é quando o Benfica fode o Sporting...com tranquilidade...
ResponderEliminar...Com tranquilidade....
ResponderEliminarMhary, em relação à máquina pode ser a que tu quiseres.
ResponderEliminarBem... o que descrevi considero um pouco diferente do usual, disseste que o mundo anda mal ou mundo anal?
Mhary, diz aí à tua amiga Espec, que as fodas nos nossos lares, são regra geral sem criatividade, era essa significado que queria dar. Mas também concordo, tal como no texto, que os supostos preliminares verbais (não orais) são efectivamente regra geral “esquisitos”. Diz-lhe também que fodas “normais” (entenda-se usuais) não é o meu forte!
Oh bruno, o teu forte são as fodas anormais? :)
ResponderEliminarOh matahary, entende isto como "fora do comum"... ;)
uma foda normal....deixa cá ver, ora deixacaver....
ResponderEliminarSão essas que mais valiam não terem acontecido?....
uma foda normal....deixa cá ver, ora deixacaver....
ResponderEliminarSão essas que mais valiam não terem acontecido?....
Charlie, uma foda que não se dá, é uma foda que nunca se vai dar, é uma foda perdida.E se há fodas por Amor, em que se faz Amor, porque os dois estão numa outra dimensão, há muitas e muitas e muitas que são fodas por necessidade de sexo ! E lá por o homem se vir nao quer dizer que tenha ficado satisfeito...e ela a mesma coisa !Porque é que nos blogs sobre temática sexual (pensa bem...)quando é a mulher a escrever, ela faz mais broches do que fode (vá, pensa lá, conta - não é pelos dedos - e depois responde: porque será ?) ?Isto é tudo muito complicado...e com as Queimas pelo meio...oh...oh...oh...põe complicado nisso...
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