06 setembro 2010

O não-poema ao Mestre do verbo inexistir

O que é logo depois foi. Passa, o que é passa. Passar.
O tempo leva. Tudo. Foi. Mas o tempo não leva nada. Nada.
O nada. O que não é nem foi, um nunca, não pode levar.
Entendeste o que é; entende agora o que não é. Roubada
ao existir serei para sempre. Inexistir é assim, o nada por marcar
em folhas de dias que passam; não sou imaginada, nem perdida,
sequer fui encontrada. Não sou. O tempo não me poderá terminar;
o tempo leva ideias, pessoas, amantes; ele leva-nos a vida
mas não leva ninguém ou a morte. É assim que me deverás chamar:
ninguém, a imperturbável pelos dias. Inexistir é assim, ser roubada
de páginas que terminam e avançam; não posso nunca não mais estar
porque nunca estive, estou em lado nenhum. Nunca iniciada,
nunca concluída. Nem ser. Inexistir é assim, podes-me em ti matar?


Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia