Oh João. Não estás bem a ver. Lembras-te da Mafalda? A do chassis GTI? Sim, essa. Claro que te lembras! Nem vais acreditar. Na terça-feira fui ao cinema, à sessão da meia-noite. Estava naqueles dias sem sono e sem nada para fazer. Entrei tarde na sala e não estava mais ninguém. Passados dois minutos entra a gaja. Não a reconheci logo, só quando se virou, para se sentar duas ou três filas abaixo (foi o enquadramento da traseira, percebes, não é?). A cena que ia decorrendo era uma cena de sexo, um pouco à bruta, de um filme francês (cinema de autor, estás a ver?). Escusado será dizer que aquilo para mim era quase como se fosse uma coisa íntima entre mim e a Mafalda (na minha cabeça, só na minha cabeça, porque ela nem sequer sabia que era eu que estava ali) e acho que não prestei muita atenção ao filme. Ainda bem que aquela sessão tinha intervalo. A gaja viu-me, cumprimentámo-nos e passámos o intervalo a fumar um cigarro e a falar da coincidência que era, da improbabilidade daquilo tudo. Claro que fiquei a pensar que era um sinal. Ui! Não estás bem a ver, eu e ela e uma sala de cinema só para nós e ela com aquela conversa. Voltámos para a segunda parte e sentámo-nos ao lado um do outro. A meio de uma cena divertida, agarrou-me o braço e encostou a cabeça a rir. Eu ri com ela e passei-lhe a mão livre pelos cabelos. Foi um tirinho até lhe dar um beijo e me voltar a esquecer do filme. Diz-me ela “Quero que penses nisto como um momento fora do tempo, ok?”. E eu, claro, achas que eu ia discordar? Atirei-me a ela. Mão para aqui e mão para ali, eu já de joelhos, à frente dela, e acaba a merda do filme, cujo título já nem me lembro. Ela a apertar os botões da camisa e a puxar as jeans para cima, eu atrapalhado a olhar para o quadradinho da casa da projecção (nada a assinalar!) e depois, de novo para ela, e a dizer-lhe: “Apeteces-me tanto... embora daqui”. Saímos. Ela muda e queda, mãos nos bolsos e gola do casaco levantada. Agora ouve-me bem esta! Vamos para o parque de estacionamento. Eu vou para a beijar e ela afasta-se e diz-me: “Foi pena só nos termos visto na segunda parte do filme, não é? Estava a saber-me tão bem! Às vezes fico lixada com esta merda do tempo”. E vai em direcção ao carro e deixa-me especado com um “xau…beijinhos”. Esta merda, só a mim. Dasse!
p.s. Acho que vou deixar de inventar estas coisas. São demasiado fantasiosas. Distraem-me.
(mais uma que fico a dever à minha musa inspiradora maria_arvore)
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