21 fevereiro 2005

Diário do Garfanho - XII

23 de Outembro de 1545


Continuo enfiado na cave da repartição. O asqueroso do chefe, esse animal, diz que a minha facies não é propícia a balcões e que olhar esbugalhado para as contribuintas não é maneira de atender.
Foda-se, vou fazer o quê? As gajas aparecem, eu não as convido, chegam-se ao balcão, as manhosas, ainda por cima sorriem lubricamente, fazem boquinhas, semicerram os olhos, falam comigo, perguntam-me coisas, interessam-se, perguntam-me se me estou a sentir bem... O que é que havia de fazer? Um homem não é de pau e não faltei ao respeito a ninguém, as mamas são uma parte do corpo como outra qualquer. Não sei porque não pode uma pessoa falar com outra e ter de olhar para outros sítios que não só as mamas.
Bardamerda para as caducas convenções sociais.

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