08 março 2005

Odes no brejo - Duas são as nádegas, belo o devaneio

Dois são os glúteos belos, vulgo rabo, doce enlevo
Que tão próprio é de mim vê-los, pecado que nem relevo

Por não cessar o deslumbre, esse acesso de loucura
De nos dar a Mãe Natura tão sublime curvatura

Redondos, firmes, macios, mudando às costas o nome
Despertam ânsias e cios, depois de almoçar dão fome

E se acaso algum aflito se adelgaçar por despeito
Chamar-lhe-ão cu-de-apito, perderá a graça e o jeito

Mas o que importa no fundo, o que estou hoje a louvar
É o pêssego rotundo penugento a dar-a-dar

Ligeiro, leve, atrevido, maior fonte do desejo
Que maduro apetecido quer-se rijo como um queijo

Empinado, apelativo, com tremura quanto baste
Traz meio mundo cativo e o outro a meia-haste

Pois se é caminho de amores e lugar tão prazenteiro
Não lhe sustém os ardores qualquer triste cavaleiro

Maldoso, diz dele apenas algum néscio apologético
Ser mero apoio de pernas, parco recurso energético

Pois sim, a esse direi, ao ver tão belo jardim
Que se algum dia for rei, reinarei com um assim.

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