24 novembro 2010

contraditando

(sim, que nem só de greve geral vive um homem...)

diz-me a urgência que sentes
na premência dos sentidos
diz-me a verdade que mentes
dos desejos proibidos

diz-me a volúpia dos dias
no crepúsculo das tardes
diz-me os lábios que mordias
na lascívia em que tu ardes

ou não – não digas mais nada
dá-me o silêncio em que gritas
faz da minha hora parada
o mar do prazer que habitas

e terei de ti eu tudo
menos o quanto não queiras
e ouvirás meu grito mudo
que sou eu se tu me abeiras

pois assim te quero tanto
que ter-te mais não queria
que só o ter-te é o quanto
tu me dás em demasia.

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