27 junho 2010

Armaduras

Olho-te nas mãos. As mãos assim tão fechadas
que sufocam os dedos,
que os queres mudos.
Ficamos longe, os dois. Sorrimos e as falanges
mesmo brancas falam por si, dizem-se comprimidas
em esconderijos demasiados pequenos,
absurdos.
Agora que vi, nada aqui poderá ser como antes.
Agora que vi as grades, as pestanas cerradas
nos olhos; eles querem ver, tolos,
assim fechados,
as meninas tão doces. Elas perderam-se rentes
aos lábios;
afinal, sabem, nunca foram beijadas;
os olhos nunca choraram ou riram,
amordaçados
pelos dedos sem palavras que nas mãos escondes.
E eu? Eu nunca serei capaz de abraçar armaduras.

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