11 junho 2010

é que só andamos cá porque...

- destinado a ser dito no próximo Encontra A Funda, em Cucujães. O último verso de cada estrofe poderá ser entoado em coro, se a distinta audiência para aí estiver virada...

podes dizer-me o que quiseres
de mais - de menos
podes falar do coração
de amores pequenos
entre um ou dois ou três ou mil compères
ou até daqueles maiores
que fazem escola
podes dizer-me até ser a bitola
de que são feitas as cores
do universo
podes falar-me de flores
e até de um verso
mas por certo
por mais certo o que nós temos
é que só andamos cá porque fodemos

podes dizer-me o quanto queres
de romantismo
podes dizer-me de outros seres
de algum abismo
ou quereres até saber se eu não cismo
com o mundo de dolências do asceta
ou da pena perturbada do poeta
que suspira de amor em cada alento
podes gritar até «- ai que eu rebento!»
sem saber o que tens aí por dentro
mas no fundo é o quanto todos temos
pois que só andamos cá porque fodemos

será pouco
muito pouco – não importa
será pouco em vão de escada ou porta a porta
mas é tudo o que temos de mais certo
nesta vida p’ra que seja conseguida
mas por mais que o caminho seja aberto
e a passada seja coisa perseguida
há-de sempre vir de lá algum experto
que entrave e grave a fogo nesta vida
o pavor de haver sede no deserto
quando enfim o que de certo nós temos
é que só andamos cá porque fodemos

podes dizer-me então o que souberes
falar-me de um amor aluarado
de um abnegado amor
cozido pelas regras de mercado
de um amor maior
por outro lado
que sem olhar a homens ou mulheres
se descobre sem pudor e sem recato
em campestre vergel ou fero mato
ainda assim te direi por certo temos
só andarmos todos cá porque fodemos.

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