Júlia, endereço artístico de cinco letras que escolheu para que remetam a prosa que lhe dirigem, pintadas que estão as paredes do quarto que a cercavam e entreaberta a janela transparente porta do mundo, augura novos propósitos na condução da sua forma de subsistência. Já é Júlia que escolhe as marcas dos sapatos que impregnam a sua alcatifa. Já é Júlia que dita as horas, as regras, o tempo e o espaço para si própria. Antes, Júlia via as coisas pela frente e perguntava-se “Porquê?”, hoje ela lobriga situações pelas quais questiona “Porque não?”. Júlia encontrou o seu castelo, repleto de brilho e cor, juntamente com outras princesas que souberam brilhar para além do seu quarto do vazio, onde cada uma delas e juntas orquestram a quantidade e qualidade dos sapatos que pisam aquele soalho. Sim, já não se trata de uma velha e gasta alcatifa, mas de um soalho nobre, com estilo e presença que só se permite ser pisado por sapatos de qualidade. Que só se permite ser atravessado por quem procura qualidade. Sim, já é uma casa inteira e não um singelo quarto com uma cama e panos que caem do tecto. As ilusões ainda existem e são privadas, mas não tão primitivas como outrora, até porque para a maioria dos Homens, as ilusões são tão necessárias quanto a própria vida, e Júlia existe para satisfazer esse hiato da existência.
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Uma por dia tira a azia