Deixemo-nos dessas coisas que nos ocupam tempo precioso. A verdade é que eu apareci à tua porta e toquei. E tu vieste receber-me. Os teus olhos diziam tudo, e os meus também. Sabemos que houve cumprimentos, e conversa de circunstância. Que me perguntaste como tudo estava, e eu também. Que tudo ia bem, que o tempo era escasso, que fazia um horror de tempo desde que te vira pela última vez. Deixemo-nos de tudo isso, que não interessa, que empata, que atira para, que constroi o momento, mas não é o momento, é só a parte social do caminho.
Deixemos de lado a parte de nos termos sentado no sofá, e de te teres deitado encostada a mim, a falar sobre a vida, sobre as coisas que iam mal, e sobre as que iam bem. Que não se perca tempo a falar de como afagava o teu cabelo, de como te ia fazendo carícias pelo corpo, de como a minha mão deslizou por dentro das tuas calças e sentiu as tuas coxas.
Falemos antes de quando isso te fez levantar, e nos sentámos em pontos opostos desse mesmo sofá. Falemos antes do silêncio que se criou. Das tremuras das minhas mãos, e das tremuras das tuas. Falemos antes de como tu despiste uma peça de roupa de cada vez. Com intervalos de alguns minutos. E eu também. Alternadamente.
Falemos antes de como levou tempo até restar apenas a nudez. E de como não existia vergonha. Falemos antes de como ficámos assim, com a nudez distante um do outro, durante tantos, tantos minutos. Até o sono nos tomar de vez, e te vires aninhar em mim, só porque podias, sem o antes nem o depois.
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Uma por dia tira a azia